Quinta-feira tradicionalmente é o dia em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) faz sua live semanal. A mais recente transmissão do mandatário foi como qualquer uma das outras que já fez, um festival de xingamentos, fake news, entre outras bizarrices. Bolsonaro está mais interessado em elevar o tom de suas declarações contra adversários políticos para agradar seu eleitorado mais fanatizado do que falar com a nação brasileira como um todo.

FHC

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) entrou no radar do irascível amigo de Fabrício Queiroz após declarar que poderia votar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma eventual disputa no segundo turno entre Lula e Jair Bolsonaro.

O marido de Michelle Bolsonaro, com toda a sua tradicional falta de respeito com a liturgia do cargo, chamou FHC de “cara de pau”.

No setor de fake news da live, Jair Bolsonaro fez críticas às gestões dos governos de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff, declarando que os petistas alimentaram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e que ex-presidente tucano também seria apoiador do movimento.

Jair Bolsonaro disse que Lula e Dilma bateram recordes de invasão de terras e que até mesmo no Governo FHC ocorria isso. O mandatário falou sobre a passagem em que uma fazenda de Fernando Henrique foi invadida e agora o ex-presidente está declarando voto em Lula. Bolsonaro ainda afirmou que tem vontade de dar dinheiro ao MST para invadir mais uma vez a fazenda de FHC.

“Quem sabe ele aprenda”, tentou fazer graça Bolsonaro.

Checagem de fatos

Como foi mostrado pelo jornal O Globo, Bolsonaro distorceu a informação sobre recorde de invasões, pois, na realidade, nos oito anos do governo Lula foram 20% a menos de ocupações de terra do que nos oito anos de Fernando Henrique. O governo Dilma, por sua vez, foi apontado pelo próprio movimento como sendo o pior governo em relação à reforma agrária desde o período de FHC.

Sobre a “invasão” ocorrida na fazendo de Fernando Henrique Cardoso que Bolsonaro comenta, ele está se referindo ao que aconteceu em março de 2002, quando por volta de 500 famílias do MST entraram na fazenda Córrego da Ponte, em Buritis, Minas Gerais. Na ocasião, o movimento declarou que o ato aconteceu devido ao não atendimento das demandas do MST pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

O ex-presidente declarou que votaria em Lula caso não se consiga encontrar uma terceira via contra o atual presidente. A declaração foi dada ao jornal Valor Econômico no dia 14 de maio. Lula gostou da declaração do tucano e disse que votaria também em FHC em situação parecida.

Mais baixaria

Na sexta-feira (21), Bolsonaro voltou a se referir aos ex-presidentes de maneira nada elogiosa. Em evento no Maranhão, o presidente declarou que a disputa presidencial do próximo ano já possui chapa com "ladrão" e "vagabundo". Enquanto Bolsonaro tenta fazer campanha eleitoral para 2022 a base de xingamentos, seu principal oponente, Lula, está se preocupando em fazer alianças para ganhar a próxima eleição presidencial, o petista postou em suas redes sociais fotografias de um almoço que teve com o próprio Fernando Henrique Cardoso, promovido pelo ex-ministro Nelson Jobim. A última pesquisa de intenção de voto mostram que o petista tem boas chances de vencer o atual presidente desbocado.