O ministro da Saúde Marcelo Queiroga foi submetido a uma enorme pressão pelos senadores em seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado, a CPI da Covid na quinta-feira (6). Queiroga em seu depoimento adotou uma postura evasiva em que se negou a deixar clara sua Opinião sobre a cloroquina. Ele também afirmou que tem autonomia no comando do Ministério da Saúde e declarou que: “não há ministério dissociado da presidência”. As informações são do jornal El País Brasil.

De maneira contraditória, o ministro admitiu que não participou e nem foi ouvido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o decreto que o mandatário cogitou para impedir que governadores e prefeitos adotem medidas restritivas para conter a contaminação pelo coronavírus.

Em toda a sua participação na CPI, Queiroga deu a impressão de tentar se equilibrar na difícil tarefa de tentar se afastar da postura negacionista do Palácio do Planalto mas ao mesmo tempo tentar proteger o Governo federal. O ministro da Saúde várias vezes declarou que não iria fazer “juízo de valor” sobre as falas de Bolsonaro, enquanto afirmou que defende a utilização de máscaras de proteção e o distanciamento social.

Enquanto isso

No mesmo momento em que Queiroga se desdobrava para defender o governo federal e ao mesmo tempo defender a ciência, o presidente da República classificou o Brasil como uma “republiqueta” e novamente voltou a afirmar que não será possível ter eleição em 2022 se não for com voto impresso.

Mesmo com a pressão da CPI da Covid, Bolsonaro na quarta-feira (5) novamente atacou a China, na sua live semanal ele também fez críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ameaçou impedir medidas restritivas de governadores e prefeitos.

Irritação

As evasivas do ministro da Saúde irritaram vários senadores na CPI, por diversas vezes os parlamentares aconselharam o ministro a ser mais objetivo e foi lembrado que na condição de testemunha, ele era obrigado a responder às perguntas.

Mas nem a pressão dos senadores fez com que Marcelo Queiroga respondesse qual é a sua opinião sobre a cloroquina. Ele somente declarou que não autorizou a distribuição do medicamento e não tinha conhecimento do tamanho do estoque da substância no Ministério da Saúde.

O Exército aumentou a produção da cloroquina na pandemia mesmo com a comprovação da ciência de sua ineficácia contra o coronavírus, a oposição ao governo resolveu requisitar de maneira oficial informações sobre o estoque da substância.

O senador Renan Calheiros, relator da CPI da Covid, foi acusado pelos senadores governistas de tentar “induzir” as respostas do ministro da Saúde, e os senadores da oposição responderam que as reclamações dos governistas se tratavam apenas de uma tentativa de tumultuar a comissão.

Com o Planalto em uma situação cada vez mais difícil, o interrogatório de Marcelo Queiroga dá uma mostra do que se pode esperar quando finalmente o ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello prestar depoimento na comissão. A data para ouvir Pazuello está marcada para o próximo dia 19.