A Netflix estreou na sexta-feira (7) a série “O Legado de Júpiter”. Agora o serviço de streaming tem uma série de super-heróis para chamar de sua. A produção é baseada na HQ homônima de Mark Millar, o criador de Kick-Ass e Kingsman. Millar é o fundador da empresa que publica as suas obras, a Millarworld, o selo do autor escocês foi adquirido pela Netflix e a série de oito episódios é a primeira obra a ir para o serviço de streaming.
A produção estava sendo aguardada pelos fãs de quadrinhos e séries baseadas no universo de super-heróis e estava sendo apontada por muitos como a resposta da Netflix a série “The Boys” da concorrente Amazon, que é baseada nas HQs escritas por Garth Ennis.
A trama
Na história, é apresentada a origem da União da Justiça, um grupo de super-heróis que lembra a Liga da Justiça, esses seres poderosos lutam pela paz e a justiça no mundo, eles também são guiados por um forte sentimento de amor aos Estados Unidos, principalmente na figura do líder do grupo, o super-herói Utopia (Josh Duhammel).
O código
O grupo teve origem em plena década de 1930, no auge da crise mundial provocada pela queda da bolsa de valores de Nova York em 1929. A equipe segue um rígido conjunto de regras éticas e morais que são descritas como “o código”. Em que é expressamente proibido matar e eles não podem usar seus poderes para dominar a raça humana.
Mas nos dias atuais, o código que norteou os super-heróis do passado não serve mais em uma realidade em que os novos super-heróis têm que enfrentar vilões que não hesitam em matar.
O que cria um atrito entre a atual geração de heróis e os super-heróis veteranos.
Os Sampsons
Utopia (Sheldon Sampson) é um ser quase invencível, que lembra obviamente o Superman. Ele é casado com Grace (Leslie Bibb) que combate o crime com a identidade de Lady Liberdade. O par é o exemplo do casal exemplar. Eles são pais de Brandon (Andrew Horton), e Chloe (Elena Kampouris), enquanto Brandon atua como um dos novos super-heróis que fazem parte da União da Justiça, Chloe não tem interesse nessa vida.
Os irmãos, cada um a seu modo, têm problemas com o pai, Chloe se ressente de não ter tido a presença do pai em sua vida na infância e adolescência, Brandon por sua vez sofre as pressões por sentir que não está a altura do legado do pai, ele tem desejo de se tornar o próximo Utopia, o patriarca por sua vez não consegue se conectar com os filhos por causa de seu pensamento retrógrado, até mesmo sua esposa, que sempre o apoiou, começa a ter dúvidas em relação ao código.
A produção se divide em duas linhas temporais, uma passada na década de 1930, quando se preocupa em apresentar as origens e as relações de amizade entre os super-heróis originais da União da Justiça, e as tramas envolvendo a nova geração nos dias atuais, algo parecido com que foi visto nas séries “Lost” e “Arrow”. A trama é mais interessante quando se dedica ao passado dos personagens.
Se a série pretendia ser uma espécie de “The Boys” da Netflix, perdeu uma ótima oportunidade. Curiosamente, os quadrinhos de Millar se assemelham em certos aspectos à série da concorrente Amazon, pois os quadrinhos também possuem passagens ultra violentas, faz uma espécie de sátira ao gênero super-heróis ao mostrar uniformes femininos altamente sensuais que objetificam o corpo da mulher, super-heróis de caráter duvidoso, além de mostrar um conteúdo politizado.
A série da Netflix ao optar por dramas familiares e questões morais, perde muito da força que o texto poderia ter ao não desenvolver esses temas de maneira mais criativa. Ouro problema da produção é o seu aspecto técnico, que deixa a desejar nos efeitos visuais, efeitos especiais sofríveis, além de ter um elenco pouco carismático em que o nome de maior destaque é o de Josh Duhammel, quando uma série tem como principal destaque o ator da franquia "Transformers", isso é motivo de preocupação.