Não é novidade para ninguém que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) adora receber elogios e não suporta ser contestado ou criticado. Se dependesse de sua vontade, provavelmente para o amigo de Fabrício Queiroz o mundo seria como o cercadinho do Palácio da Alvorada, onde o “mito” é ovacionado por seus apoiadores mais fanatizados que aplaudem as maiores barbaridades que são ditas por Jair Bolsonaro.

Na última segunda-feira (21), o mandatário esteve em Guaratinguetá, no interior de São Paulo, para participar de uma cerimônia de formatura da Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR).

Após o evento, o líder do Executivo fez uma visita a uma UPA da localidade e, lá chegando, foi recebido por algumas pessoas aos gritos de “genocida” e “fora Bolsonaro”.

Acusou o golpe

A vida de Jair Bolsonaro tem andado muito complicada. O presidente da República, que só pensa naquilo –a reeleição para a presidência da República–, está vendo seu sonho ser ameaçado pela volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao jogo político.

Se isso não fosse o bastante para tirar o sono de Bolsonaro, ainda tem o fato de o país estar atravessando uma série crise econômica, que foi piorada com a pandemia do coronavírus. E por falar em coronavírus, a condução caótica do Governo federal da crise sanitária resultou em uma comissão parlamentar de inquérito no Senado, a CPI da Covid, que investiga as ações e eventuais omissões do governo brasileiro na gestão da pandemia.

500 mil mortes

Jair Bolsonaro não gosta de falar em mortes, como já deixou bem claro na entrada do Palácio da Alvorada, quando um repórter o questionou sobre o número de pessoas mortas pela Covid-19. O fato ocorreu em abril do ano passado, e na ocasião o Brasil tinha perdido pouco mais de 2.500 pessoas para o coronavírus. Bolsonaro respondeu ao repórter que não era coveiro.

No último sábado (19), o Brasil atingiu a marca de 500 mil mortes. O presidente da República levou dois dias para finalmente tocar no assunto. Em conversa com jornalistas em Guaratinguetá, Bolsonaro disse que lamenta os óbitos e voltou a defender o tratamento precoce, ou seja, o tratamento com o uso de remédios como a cloroquina, comprovadamente ineficaz contra a Covid-19.

Não satisfeito em disseminar fake news, o presidente da República foi além e, quando questionado por uma repórter de uma afiliada da Rede Globo, mandou que ela calasse a boca. Laurene Santos, repórter da TV Vanguarda, perguntou ao presidente por que ele tinha chegado em Guaratinguetá sem máscara, mesmo já tendo sido multado na cidade de São Paulo por não estar usando o equipamento de proteção.

Foi o bastante para começar o chilique do presidente da República, que respondeu: "Eu chego como eu quiser, onde quiser, eu cuido da minha vida". A seguir ele retirou a máscara. Laurene tentou dizer a Bolsonaro que o uso da máscara é obrigatório, mas o descontrolado presidente a mandou calar a boca e proferiu uma série de xingamentos contra a Rede Globo.

Tanto a Rede Globo quanto a TV Vanguarda repudiaram a forma como a repórter foi tratada pelo presidente da República. As emissoras comentaram que a jornalista estava apenas fazendo o seu trabalho. A Associação Brasileira de Imprensa emitiu uma dura nota em que dizia que Jair Bolsonaro não tem condições de ser o presidente do Brasil. A entidade afirmou que o “destempero” de Bolsonaro foi causado pelo impacto das manifestações contra o governo em todo o Brasil no último sábado.

A entidade ainda afirmou que diante de todos os ataques do presidente às instituições, “é preciso que os democratas estejam alertas e mobilizados”. A nota ainda afirma que Bolsonaro deve sofrer impeachment ou que ele deveria renunciar.