A Netflix estreou na última quarta-feira (18) mais um exemplar daquilo que se pode dizer que seja uma das especialidades da casa, um thriller com boas doses de erotismo. O longa-metragem alemão “Ilha dos Segredos”. É bem verdade que, diferentemente de outras tramas da plataforma de streaming, as cenas mais quentes não são jogadas ao acaso, fazem parte da tensão que é proposta no longa de 1h44 e contribuem para a grande revelação do filme, ou seja, estão longe de serem apelativas.
Decepção
Existem filmes que logo em seu início já deixam claras quais são suas intenções.
São produções com sérios problemas no roteiro, direção fraca, interpretação péssima, entre outros problemas. Nesse sentido, é possível que o espectador continue comprando aquela ideia, pois em nenhum momento o filme estava tentando ser aquilo que não é.
Por outro lado, há as tramas que são mais bem cuidadas tecnicamente, possuem um elenco laureado, entre outros atributos, mas que em determinado ponto da narrativa colocam tudo a perder, com escolhas equivocadas no roteiro, e ofendem a inteligência do espectador. A Netflix é especialista nos dois tipos, e sua nova trama de mistério faz parte do segundo caso.
Velocidade 5
A produção já começa de maneira curiosa, quando em seus momentos iniciais mostra a vilã da trama Helena Jung (Alicia Dwyer) cometendo um assassinato.
Mas tudo bem, a revelação de que a bela professora de literatura é a personificação da maldade, ou da loucura, já poderia constar no trailer da obra.
Logo a seguir, é mostrada a cerimônia de enterro da senhora que Helena causou a morte, era a avó do protagonista Jonas Hansen (Philip Froissant), um jovem estudante do ensino médio de 17 anos.
O roteiro então tenta resumir todo um arco dramático envolvendo a família do rapaz, em que se descobre que o pai de Jonas não falava com o próprio pai havia anos, ele nem teria a chance de se reconciliar, pois Helena causou a morte dele e da mãe de Jonas.
A tentativa de resumir as questões familiares do protagonista em pouquíssimas sequências até poderia dar certo, porém o tiro saiu pela culatra, pois essas importantes informações tiveram que ser recontadas ao longo da trama, o que fez com que inicialmente o ator Hanns Zischler, o sisudo avô de Jonas, fosse subaproveitado para somente posteriormente ganhar destaque na trama.
Um ano se passou e depois das trágicas mortes de sua avó e seus pais, Jonas está morando com o avô, e assim como seu pai, também não tem um bom relacionamento com o idoso. É nesse contexto que Helena reaparece como a nova professora de literatura para lecionar na escola da ilha de Amrum, costa alemã do Mar do Norte. A bela professora encanta Jonas e seus amigos, porém Nina (Nicole Mercedes Mariola Müller), a adolescente que é o interesse amoroso do protagonista, logo de cara não simpatiza com a professora.
É justamente essa personagem que no meio do segundo ato participa de uma sequência junto com Helena que faz com que possivelmente o espectador fique indignado de tantas facilitações de roteiro que são mostradas. Desse ponto em diante o filme caiu de produção, até tentou se reerguer no ato final, porém o estrago já estava feito. Mais uma experiência decepcionante da Netflix.
