O presidente Jair Bolsonaro (PL) promete uma nova caça às bruxas. Dessa vez o mandatário está mirando suas armas em integrantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que aprovaram a indicação do imunizante da Pfizer contra o Sars-Cov-2 para crianças de 5 a 11 anos.

A notícia não veio de algum profissional da imprensa com boas fontes. Trata-se de uma declaração do próprio Bolsonaro, que informou que pediu os nomes dos membros da Anvisa.

Autoritarismo

O ex-capitão do Exército nunca fez muita força para esconder seu autoritarismo, mas até mesmo para os padrões dele, suas últimas atitudes têm causado espanto.

Na quarta-feira (15), em conversa com empresários na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o mandatário admitiu que interferiu no Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para ajudar o empresário bolsonarista Luciano Hang, dono da reed de lojas Havan.

E agora, sem o menor pudor, o presidente assume que pediu os nomes dos integrantes da Anvisa que permitiram a vacinação de crianças contra a Covid-19.

A declaração foi feita na tradicional live de Bolsonaro nas redes sociais todas as quintas-feiras. O argumento do presidente é que os pais e mães das crianças têm o direito de saber o nome dos integrantes da Anvisa que liberaram a vacina para esta faixa etária.

Negacionista

Bolsonaro sempre remou contra a maré do bom senso ao contrariar as decisões da ciência, como sua defesa incansável de remédios sem eficácia contra o coronavírus.

Jair Bolsonaro, que garante que não foi vacinado contra a Covid-19, se colocou em guerra contra a obrigatoriedade da vacina e também é contra o passaporte vacinal.

Mesmo dizendo que não interfere na agência sanitária, Bolsonaro disse que pediu os nomes das pessoas na Anvisa, pois os pais precisam saber quem liberou que seus filhos fossem vacinados.

O mandatário é conhecido por ser o garoto propaganda da cloroquina e de outros remédios sem eficácia contra a Covid-19.

Sergio Moro

Pode se especular que o comportamento mais belicoso que o normal do líder do Executivo tenha recrudescido por causa da entrada de Sergio Moro (Podemos) na disputa eleitoral de 2022.

Como se não bastasse ver seu principal rival, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decolar nas pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro está tendo que aturar seu ex-ministro da Justiça e Segurança Pública se firmar na terceira colocação nas pesquisas e assim, lhe tirar votos na disputa eleitoral.

Anvisa

A agência declarou que as vacinas em crianças superam os eventuais riscos e ainda declarou que o imunizante é seguro para as crianças e também destacou o aumento no número de vacinados.