Estreou na última terça-feira (11) na Netflix a comédia francesa “A Origem do Mundo”. A produção de 1h38min é a estreia do ator Laurent Laffite na direção –ele também protagoniza o filme. O roteiro é de Sébastien Thiery, autor da peça homônima que deu origem ao longa-metragem. O elenco encabeçado por Laffite conta ainda com Karin Viard e Vincent Macaigne nos papéis principais.
A trama
O protagonista Jean-Louis (Laffite) é um advogado bem-sucedido, casado com Valérie (Viard), e que descobre que, apesar de seu corpo estar em perfeito funcionamento, seu coração não está mais batendo.
Depois de pedir ajuda a seu melhor amigo, o veterinário Michel (Macaigne), a dupla, meio a contragosto, acaba revelando o problema para Valérie,que sugere que o marido se consulte com uma “coach holística”, vivida por Nicole Garcia. A excêntrica mulher diz que o problema será solucionado se o protagonista apresentar para uma entidade uma fotografia um tanto inadequada da própria mãe.
Início promissor
O título pomposo e sua abertura extravagante podem dar a intenção de que o longa-metragem se trata de uma obra que irá propor questionamentos mais profundos sobre quem somos nós. Mais essa impressão é logo desfeita no primeiro ato de “A Origem do Mundo”.
A produção inicia de forma discreta ao apresentar de forma eficiente os dramas pessoais do protagonista.
De maneira inteligente, o filme abre com uma discussão entre o casal, e o público descobre que ambos se ressentem da falta de desejo um pelo outro. Logo em seguida, é mostrado que os problemas pessoais de Jean-Louis estão afetando sua vida profissional.
Acertos
A dinâmica da relação do protagonista com sua esposa e também com seu melhor amigo é explorada de maneira inteligente, feita a partir de diálogos curtos e um tanto ácidos no que diz respeito à esposa.
Mérito para o diretor estreante que optou por um tom discreto, que tenta fazer o espectador sorrir, e não gargalhar.
Ouro de tolo
O problema de “A Origem do Mundo” é que aos poucos ele abandona o que poderia ter sido uma trama que a partir de um acontecimento bizarro falava sobre crise da meia-idade de maneira simpática. O filme aos poucos se transforma em uma comédia de humor de constrangimento e abraça com força essa vertente, mas que falha vergonhosamente ao não conseguir fazer rir.
Estranhamente, até mesmo na maior parte das cenas mais bizarras o diretor Laurent Laffite consegue dar um tom mais sóbrio, com planos um pouco mais abertos e silêncios. Se as relações do protagonista com a esposa e o melhor amigo são bem exploradas, o mesmo não pode ser dito de sua relação conflituosa com a mãe. Nesse sentido a trama falha ao não convencer o espectador do porquê de Jean-Louis não ter muito contato com a própria mãe, aparentemente, uma simpática senhora de 82 anos.
Em suma, “A Origem do Mundo” engana ao propor uma comédia discreta, com leves pitadas de humor ácido para no final das contas se revelar uma comédia que tenta fazer rir com situações bizarras, o que o filme não consegue fazer, ainda que tenha um elenco que apresente um bom trabalho e um diretor que acerte em alguns momentos.