Chegou ao catálogo da Netflix na última quarta-feira (12) a produção nacional “Virando a Mesa”. O filme do diretor Caio Cobra já foi feito há alguns anos, porém, por causa da pandemia estava na fila de espera da Paris Filmes para ser lançado e ganha finalmente a chance de ser visto pelo público, dessa vez pelo streaming. Esse é o segundo filme de Cobra que estava nessa situação –há duas semanas a plataforma de streaming lançou “Intervenção”.

Além de dirigir, Caio Cobra também montou o filme e escreveu o roteiro ao lado de Mariana Seixas. O longa de 86 minutos tem no elenco: Rainer Cadete, Monique Alfradique, Rafael Losso, Stepan Nercessian, Antônio Grassi, Natallia Rodrigues e Cláudio Manoel.

A trama

O protagonista Jonas (Cadete) é um policial que por conta de seu talento no pôquer, consegue se infiltrar em um cassino clandestino para tentar levar à Justiça o dono da casa de apostas, vivido por Stepan Nercessian, porém o plano dá errado e o protagonista terá que repor o dinheiro que a polícia lhe deu para participar do jogo. Várias outras situações complicadoras irão acontecer e Jonas terá somente 24 horas para salvar a sua vida e a de seus amigos.

Mais do mesmo

O filme de Cobra não tem o mínimo de originalidade. A trama usa e abusa de todos os clichês imagináveis de filmes de assalto e tenta desesperadamente ser cool, porém está mais para o kitsch. O interessante é que ainda que o cineasta não tenha conseguido seu objetivo, mesmo assim o filme ainda consegue proporcionar uma experiência prazerosa ao público, muito por conta do elenco carismático, recheado de rostos conhecidos.

Com um roteiro que abusou do direito de ser genérico, a dedicação do elenco à trama salva “Virando a Mesa”. Um dos destaques é o personagem de Stepan Nercessian,que faz um cruel dono de boate.

O humorista Cláudio Manoel também se destaca pela sensação estranha causada pela maquiagem usada para criar um agiota/líder de motoclube cheio de maneirismos que lembra um pouco seu icônico personagem Carlos Massaranduba do extinto programa humorístico de Televisão "Casseta e Planeta Urgente".

O roteiro até tenta fazer graça com as frases feitas e pose de durão do personagem, porém não tem sucesso, assim como também falha em todas as tentativas de aprofundar as motivações dos personagens, ou talvez nem tenha tentado nada disso.

O personagem de Rainer Cadete talvez seja o melhor exemplo da falta de cuidado do roteiro.

Ao mesmo tempo em que Jonas parece ser um policial correto, ele também é visto bem à vontade com figuras que estão à margem da lei. O filme até tenta dar um background ao personagem, ao falar rapidamente sobre seu pai. Mas a cena foi insuficiente para que o personagem ganhasse qualquer verossimilhança.

Caso o filme tivesse sido lançado nos cinemas, provavelmente ele iria amargar um fracasso de público e crítica. Com o lançamento no streaming, o público fica mais confortável em ver em casa uma obra que não tem muita sofisticação narrativa e que será logo esquecida.