Finalmente os fãs do personagem das histórias em quadrinhos do super-herói Batman poderão conferir a atuação de Robert Pattinson como o novo Batman/Bruce Wayne. Estreou nos cinemas brasileiros na última quinta-feira (3) a tão aguardada nova encarnação do personagem.

Crepúsculo

Já não é mais cool ser hater de Robert Pattinson por sua participação na saga Crepúsculo. Sua carreira após ter protagonizado a série de filmes do vampiro que brilhava é recheada de papéis em produções mais autorais, o que ao invés de causar repulsa por parte dos fãs do homem morcego, causou ansiedade para ver o ator viver o icônico personagem dos quadrinhos da DC Comics.

Legado

O diretor Matt Reeves assumiu um desafio muito grande ao ter que criar uma nova versão para o mundo sombrio do personagem criado por Bob Kane em 1939 após o bem sucedido universo criado pelo cineasta Christopher Nolan. Reeves abandonou a concepção mais realista de Nolan para o vigilante de Gotham. O Batman de Christian Bale usava um traje mais tático e não era exatamente à prova de balas, diferentemente da armadura mais robusta nesta nova versão do personagem.

Talvez a necessidade de evitar comparações com o excepcional trabalho feito pelo ótimo Christian Bale, tenha feito com que Robert Pattinson tenha criado uma versão totalmente diferente do herói encapuzado. Mas é sua interpretação de Bruce Wayne que mais se distancia de tudo o que foi visto até então sobre o personagem.

Vingança

Nesta nova versão do jovem órfão bilionário de Gotham é mostrado um Bruce Wayne que não se interessa em criar uma imagem de playboy perante a sociedade, e também não mostra interesse em gerir sua imensa fortuna, erro este que seu mordomo Alfred (Andy Serkis) sabiamente o alerta. Bruce Wayne é obcecado por vingança e não por justiça, e é quando ele coloca a armadura do cavaleiro das trevas que ele sai às ruas da cidade e utiliza o medo como alimento para sua vingança contra o mal que há em Gotham.

Gotham

Seja em qualquer versão para as telas do homem morcego, Gotham será sempre um personagem à parte. Ainda que o universo da cidade visto na trilogia de Christopher Nolan também fosse sombrio e cheio de desesperança, ele se focava mais nas tramas políticas e criminais da cidade. Reeves por sua vez decidiu abraçar o desespero e a violência de uma grande metrópole, a Gotham em “The Batman” quase tem cheiro, é algo parecido com o que foi visto no genial “Coringa” (2019) de Todd Phillips.

Assustador

Assim como o filme inaugural da trilogia de Christopher Nolan, “Batman Begins” (2005), “The Batman” não escolhe o Coringa, o principal vilão do Batman, como seu grande antagonista, quem assume este papel é o Charada (Paul Dano), que constrói uma versão assustadora do personagem. Mas, Matt Reeves faz questão de lembrar a presença do Coringa.

Equilíbrio

Matt Reeves mais acerta do que erra em mais uma versão do Batman para o Cinema. O diretor teve sucesso em conseguir criar uma obra mais autoral, ao mesmo tempo em que conseguiu satisfazer as possíveis exigências do estúdio.

Em quase três horas de duração, Reeves abre muitas possibilidades para várias discussões, porém algumas delas parecem ter ficado quase que gratuitas em seu filme como, por exemplo, a crítica que o autor faz aos discursos de ódio na internet, a referência talvez não seja entendida por muitas pessoas de tão en passant que foi. Em suma, Matt Reeves conseguiu criar uma nova concepção para o personagem no cinema, em que o lado detetive do herói é mais explorado.