Estreou na Netflix o filme “Passado Violento” (2021). Dirigida por Paul Solet, a produção é protagonizada pelo astro Adrien Brody, que também é autor da história, produtor e autor da trilha sonora. Brody e Solet já haviam trabalhado juntos em “Alvo Triplo” (2017).

A trama

O protagonista vivido por Adrien Brody é um misterioso homem conhecido apenas como Clean. Ele trabalha como lixeiro durante a noite e também leva a vida vendendo equipamentos eletroeletrônicos antigos para uma loja de penhores, além de também zelar pela segurança da adolescente Dianda (Chandler Ari DuPont).

Após salvar a garota de uma gangue local, Clean acaba sendo perseguido por Michael (Glenn Fleshler).

Adrien Brody

O novo thriller da gigante do streaming é um projeto pessoal de um dos maiores atores de Hollywood. Ganhador do Oscar de 2003 por “O Pianista”, de Roman Polansky, Brody protagonizou outros bons filmes, mas no geral ele acabou sendo deixado de lado por Hollywood. Adrien contou que esta história é a forma que ele achou de contar as experiências que presenciou em sua infância, adolescência e juventude em New York.

A trama foi execrada pela crítica quando foi exibida em 2021 no Festival de Tribeca e foi ignorada pelo público estadunidense quando foi exibida nos cinemas dos Estados Unidos.

O filme é uma colcha de retalhos que bebe das mais variadas fontes. Talvez a inspiração mais evidente do longa seja o genial “Taxi Driver” (1976), de Martin Scorsese. Assim como pode lembrar o ótimo “Colateral” (2004), de Michael Mann. O tom mais soturno do filme se mistura a uma violência mais explícita vista na franquia “John Wick”.

O filme de Paul Solet opta na maior parte do tempo pelo silêncio. O público acompanha o protagonista em sua saga de redenção por seu passado de violência, mas o que parece é que o filme tenta explorar ao máximo o talento de Adrien Brody e deixa o espectador por tempo demais sem saber quem é personagem e quais foram os traumas que ele passou para chegar até aquele ponto.

O filme apenas dá pistas de quem Clean é na verdade com cenas recorrentes de flashback e somente no ato final é que o público fica sabendo quem ele é.

A trama passa a maior parte do tempo tentando fazer com que o espectador se conecte com o protagonista, mas sem dar informações suficientes para isso. Enquanto isso, o roteiro aponta para outras direções, como por exemplo, a exploração de uma cidade dominada por mafiosos, o que acaba afetando a vida dos jovens daquela área.

Nenhuma dessas subtramas é desenvolvida de maneira satisfatória, uma pena, pois o outro destaque do filme, Glenn Fleshler, que vive o grande vilão da trama, um mafioso cruel que é temido e odiado pelo próprio filho Mikey (Richie Merritt), merecia um desenvolvimento melhor do arco de seu personagem.