O processo que corre no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), completa nesta terça-feira (23) 80 dias desde que foi aberto e absolutamente nada de concreto foi feito graças às seguidas manobra do peemedebista.
Desde 2011, quando foi instituído a obrigatoriedade de um parecer preliminar do relator, já foram analisados 20 casos e nenhum deles durou tanto quanto o de Cunha. Já descontados os dias de recesso parlamentar no final do ano, são 80 dias, e no cenário atual, após tantas reviravoltas, a única decisão oficial tomada pelo Conselho foi a escolha do relator.
Antes do caso Cunha, os dois recordistas de processos arrastados eram Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ) e Devanir Ribeiro (PT-SP) com 77 dias. Em média, o tempo de duração de processos simulares ao caso Cunha é de 40 dias.
O processo contra Eduardo Cunha se encontra novamente em fase de parecer preliminar. Antes de Fausto Pinato (PRB-SP) ter sido destituído do cargo de relator, seu parecer havia sido votado e aprovada a continuidade do processo. Na mesma sessão, o vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), de forma monocrática, destituiu Pinato da relatoria. Marcos Rogério (PDT-RO) foi elevado à vaga de relator, tendo também seu voto a favor da continuidade do processo sido aprovado pelo Conselho.
Porém, na volta aos trabalhos após o fim do recesso parlamentar, novamente o vice-presidente de Eduardo Cunha decidiu cancelar a decisão do Conselho, após requerimento de Carlos Marun (PMDB-MS), e determinou que os deputados pudessem pedir vistas do processo, o que já tinha sido negado pelo presidente do Conselho, o deputado José Carlos Araújo (PSD-BA)
Motivos de atrasos
De forma oficial, o processo contra Eduardo Cunha foi aberto no dia 3 de novembro do ano passado e vem sofrendo com constantes manobras do presidente da Câmara.
Já foram utilizados diversos artifícios, desde o esvaziamento de sessões do Conselho para não dar quórum, horas e mais horas de discussões durante as reuniões para dar o horário das votações em plenário e encerrar sem andar com o processo, pedido de vistas do voto do relator e até a destituição de Fausto Pinato da relatoria.