Durante entrevista coletiva convocada pelo Palácio do Planalto na sexta-feira (11), a presidente Dilma Roussef disse aos jornalistas: "eu não tenho cara de quem vai renunciar". A declaração inesperada provocou incredulidade. Estaria Dilma se defendendo antecipadamente da Manifestação de protesto contra seu governo agendada para este domingo (13)?

Desde as primeiras horas da manhã, as ruas das principais cidades brasileiras foram tomadas por uma população visivelmente maior do que nos protestos anteriores. Segundo os organizadores, na orla do Rio de Janeiro compareceram um milhão de pessoas.

As imagens da Avenida Paulista, local da manifestação na maior cidade do Brasil, mostram que toda a sua extensão foi ocupada. Além destas, Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza, Maceió, Salvador, entre outras cidades, registraram o maior número de manifestantes desde o primeiro evento, ocorrido há um ano. Isto se deve aos acontecimentos políticos que sacudiram o país nos últimos dias. Com cartazes e faixas pedindo o impeachment da presidente, a prisão do ex-presidente Lula, e com frases de apoio ao juiz Sergio Moro, que conduz a Operação Lava Jato, os manifestantes mostraram qual é o foco do momento.

A oposição, embora tenha alguns políticos participando dos atos de protesto, não tomou a frente e deixou o protagonismo para a população civil.

O que mobilizou a população

Lula, que foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, teve pedida sua prisão preventiva. Juntamente com esta notícia, veio à tona o convite para que ele assuma um ministério. A possibilidade de que Lula aceite o convite, passando assim a ter direito a foro privilegiado, instigou ainda mais os protestos contra o governo.

Por mais de uma vez, Dilma foi a público defender o ex-presidente.

Outro fato relevante foi a delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), na qual foram citados Lula e Dilma como parte do esquema de corrupção na Petrobras. Segundo Delcídio, a presidente conhecia as irregularidades na compra da usina de Pasadena pela Petrobras.

Ele também declarou que Dilma teria tentado interferir nas investigações da Lava Jato.

O que esperar do governo?

Logo após o evento de 15 de março de 2015, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e o secretário-geral da Presidência foram à televisão prometendo avanço nas medidas anticorrupção, anunciadas por Dilma durante a campanha. Na ocasião, Cardozo defendeu também a reforma Política.

Um ano depois, com os resultados da Operação Lava Jato, que geraram uma infinidade de denúncias e condenações, a economia em crise, o desemprego e a inflação em alta, o povo nas ruas manda o nítido recado de insatisfação.

Até o momento a presidente não anunciou se fará algum pronunciamento.