Os prédios tortos da orla da praia de Santos viraram atração turística, mas essa não é uma boa notícia para os moradores e proprietários desses edifícios. A prefeitura exige a apresentação de laudo técnico de 20 desses prédios, considerados mais inclinados, de um total de 65 que são monitorados. Segundo informações do jornal A Tribuna, esses 20 condomínios foram intimados nesta terça-feira (9) a atualizar laudos, incluindo a medição de desaprumo e indicação de possíveis providências que estão sendo tomadas.

O afundamento dessas estruturas, que datam das décadas de 1950 e 1960, persiste devido à acomodação do solo e ao tipo de construção daquela época.

O solo da orla também não contribui, por ser formado por camadas "moles" de areia e argila. A prefeitura afirma que 65 edifícios tiveram, em média, inclinação anual de um centímetro desde 2013, data do início das medições.

Na época das primeiras medições, os prédios apresentavam de 50 cm a 1,80 m entre a base e o topo. Na prática, hoje, 51 condomínios apresentaram os laudos exigidos, e apenas um apresentou projeto de reforço de fundações, além de outros oito que já estão com obras de correção em andamento.

Desentortar custa caro

No levantamento da prefeitura, obtido com exclusividade pelo jornal, 65 prédios apresentaram mais de 50 cm de inclinação. Eles totalizam 5.252 apartamentos e 16.690 moradores.

O mais antigo desses prédios em monitoramento foi construído em 1948 e o mais recente em 1999.

A situação começou a ser estudada em 1973, no primeiro seminário promovido pela prefeitura para discutir o problema. Em 1995, o município começou a cogitar análises técnicas. Uma das soluções encontradas pelo poder público em parceria com a Universidade de São Paulo e a Universidade Santa Cecília, foi usar macacos hidráulicos.

Essa técnica foi a utilizada pelo condomínio Nuncio Malzoni, um dos mais tortos da orla, que voltou ao prumo original ao custo de R$ 1,5 milhão. O condomínio, no bairro do Boqueirão, tem outra unidade, nos fundos, que não foi aprumada. Calcula-se que o custo de cada condômino para arrumar o prédio custou o mesmo do valor de cada apartamento.

No total, a prefeitura admite que existam 651 prédios inclinados, habitados por 3% da população santista. Nenhum corre o risco de desabar, segundo o poder público. Levantamento feito em 2010 pelo Conselho Regional de Corretores da Baixada Santista (Creci), mostrou que o preço do metro quadrado de um apartamento inclinado na região da praia de Santos chega a ser 38% menor que outro edifício na mesma região e com as mesmas características.

Viver nesses prédios ocasionam alguns transtornos. Portas e janelas precisam de travas e pisos costumam soltar de tempos em tempos.