O que uma assinatura numa petição representa de verdade? Será que ela se traduz numa ação concreta e efetiva? É comum esse tipo de pensamento passar pela nossa cabeça e questionar se um problema é resolvido. A adoção daquela frase popular: “uma andorinha não faz verão”.

Brasileiros e estrangeiros ficaram chocados com os maus-tratos sofridos pelo rebanho de búfalos na fazenda Água Sumida, município de Brotas (SP).

Indignados, um abaixo-assinado correu pelo mundo e o resultado é de um filme de final feliz: a ONG “Amor e Respeito Animal” (ARA) conseguiu a posse definitiva dos Animais.

Só comemoração!

Triste retrospectiva

Tudo começou quando o caso veio à tona em novembro de 2021, mediante uma denúncia de maus-tratos em que os búfalos sofriam com a falta de água e alimentação. Quando se visitou A Fazenda, alguns dos animais não resistiram e morreram sem terem sido enterrados. Os mais resistentes estavam com a costela à mostra e corriam muito perigo.

A situação era tão ruim que muitas búfalas grávidas sofriam aborto espontâneo devido à total falta de condições.

O dono da fazenda, o psicanalista Luiz Augusto Pinheiro de Souza, investiu no negócio de leite de búfala, mas mudou de ideia e, por achar que esse negócio se mostraria inviável, desistiu da iniciativa e nada fez para proteger o rebanho comprado.

Ele chegou a pagar uma fiança de R$ 4 milhões para se livrar da cadeia. Porém, em janeiro de 2022 foi preso.

Peritos da USP e da Unesp foram ao local e localizaram 98 carcaças de búfalos; em seu relatório final, a conclusão foi de que muitos bichos tiveram um longo hiato de estresse e falta de cuidados.

Nova etapa e mais ajuda

Após o surgimento desse caso desolador, membros da ONG “ARA” e voluntários se desdobram para que a tragédia não se estenda e que a recuperação do rebanho seja célere.

É claro que gastos e despesas entram na pauta e a “Amor e Respeito Animal” diz que só de alimentação são necessários de R$ 7 mil a R$ 10 mil por dia.

O consumo é de 30 toneladas.

Mas não para por aí, há que se considerar exames, remédios e apoio dos veterinários. É uma tarefa que não vai se completar no curto prazo; estima-se que o estado ideal para a saúde dos búfalos será de três anos.

“Tudo que nós estamos fazendo na fazenda, tanto na questão da assistência veterinária, alimentação, melhorando a estrutura onde estão os animais, construindo cerca, reformando o curral, tudo está sendo feito através de doações”, disse o presidente da ONG, Alex Parente.

Os primeiros resultados positivos decorrentes dos novos (e adequados) cuidados já aparecem: nasceram os primeiros bezerros com bom estado de saúde e isso significa que as matrizes respondem bem ao trabalho dedicado, e muitas vezes árduo, de pessoas solidárias e abnegadas.

Contribuir é essencial

O portal “Só Vaquinha Boa” disponibiliza uma área para levantar doações e fundos nesse caso de abandono. A página de acesso é ao site 'sovaquinhaboa'. Nessa página, é possível consultar fotos, últimas notícias e área para estipular o valor e forma de doação, como boleto ou cartão de crédito. Quem quiser fazer um Pix, também é válido.

Se quiser saber do cotidiano dos búfalos, é possível acessar o Instagram por meio do seguinte endereço: @búfalas_de_brotas. É bom frisar que a petição pela guarda continua no ar e ainda se aceitam assinaturas.

“É emocionante ver animais que mal andavam de fraqueza por fome e sede, hoje em dia tendo comida, água e abrigo com respeito como indivíduos”, declarou a advogada da ONG, Antília Reis.

Assim como a andorinha solitária, um tijolo não faz muita diferença, mas quando é parte da construção de uma parede, o resultado conjunto de outros tijolos são percebidos e duradouros. Os búfalos e seus cuidadores agradecem cada assentamento de tijolo. Tudo para que o trabalho de salvamento continue e que a vida reine de uma vez por todas.