A sobrevivência do homem na Terra não depende só de seus braços ou do seu desempenho na sociedade. É preciso entender que, para trabalhar e exercer outros papeis sociais, o ser humano depende de rituais, como a alimentação, no intuito de manter a sua Saúde e a sua energia.

Essa dependência pode ser estendida de maneira mais ampla, pois o homem é um ser sociável, gregário e, portanto, depende de relações. Desde a família e o grupo profissional até como cidadão de um país ou como peça fundamental de equilíbrio do meio ambiente.

A relação de interdependência é tão abrangente e aderente que, até bem longe de seu local de moradia ou Pátria, o homem sente os benefícios ou as consequências dos atos que promove.

Há algum tempo era impossível estabelecer ligações entre uma refeição, saúde e meio ambiente. Hoje, isso parece mais palpável e evidente, pois um inimigo comum nessa cadeia um pouco intricada surge com força e preocupa a comunidade científica e os mais aficionados por qualidade de vida e preservação de biomas.

Onda dos mares que traz sujeira

A falta de cuidado ou a negligência de descartar o lixo plástico começam a afetar negativamente a saúde humana.

Na Índia, instalou-se uma espécie de Tribunal Verde que designou a criação de um comitê que realizará estudos sobre o impacto da poluição plástica na alimentação. O que se deseja é buscar embasamento suficiente acerca da extensão do prejuízo que os microplásticos causam.

Membro desse Tribunal, o juiz AK Goel citou a violação das normas ambientais pelo descarte incorreto das embalagens plásticas o que, por sua vez, é a principal origem dos graves e potenciais efeitos adversos na saúde.

Os microplásticos são fragmentos constituídos principalmente por plástico e possuem tamanho inferior a cinco milímetros.

Justamente por suas dimensões bem minúsculas, esse material facilmente invade e polui ecossistemas naturais.

Os magistrados “verdes” levantaram a voz depois que uma reportagem relatou a desobediência às normas ambientais da Índia.

Estudos recentes ligados à saúde humana sugerem que os microplásticos entram na corrente sanguínea por meio da comida, o que acarreta intoxicação alimentar, podendo evoluir para mais problemas de saúde.

Dentro do pulmão

Nesta semana, um estudo publicado por cientistas da Universidade de Hull, no Reino Unido, mostra que, pela primeira vez, as pequeninas partículas plásticas foram encontradas no pulmão de pessoas vivas. Isso é uma surpresa, pois estes resíduos só foram encontrados anteriormente em autópsias.

Os cientistas se basearam em amostras do tecido pulmonar retiradas durante procedimentos cirúrgicos. Onze do total de treze amostras apresentaram registro de microplásticos.

A poluição desse derivado do petróleo é cada vez mais frequente e sua contaminação vem tanto da alimentação como da inalação.

A comunidade científica não tem respostas sólidas sobre os efeitos dos microplásticos na saúde.

Mas arrisca o palpite de que, por carregarem produtos químicos, os danos serão sentidos a longo prazo e o sistema imunológico será um dos primeiros afetados.

Na terra do urso polar

A praga dos microplásticos atinge um dos locais mais inóspitos para se morar no mundo: o Polo Norte. Por ter dimensões que variam do micro ao nano, o plástico tem a capacidade de poluir qualquer lugar.

Um estudo publicado pelo Instituto Wegener, da Alemanha, aponta que o Ártico apresenta grandes níveis de poluição plástica. Em certos trechos da calota polar, o índice chega aos registrados em regiões urbanas.

Esse material nocivo alcança o Polo Norte por causa dos ventos, das correntes marítimas e da influência humana.

Referente ao último item, o Oceano Ártico recebe cerca de 10% da descarga dos rios do mundo. E é nos rios que se concentra a poluição do plástico. Navios e embarcações pesqueiras que flutuam na região ártica também aparecem na lista de contaminadores das águas.

Em Biologia, estuda-se a cadeia alimentar, onde se veem os produtores e predadores: uma questão de equilíbrio adotada pela própria Natureza no controle populacional de suas áreas. Nós, como seres humanos, estamos no topo dela, uma verdade irrefutável.

Contudo, nunca estivemos tão fragilizados ultimamente por perceber que somos mais uma peça do quebra-cabeça. Pertencemos não somente a uma cadeia; pertencemos a várias delas que, aos poucos, são descobertas e compreendidas. Concluímos que somos uma peça frágil e dependente do meio ambiente. Dependemos de ações e de conscientização para a sobrevivência de nossa própria espécie.