O rompimento da barragem em Brumadinho causou muitas mortes (até o início da tarde de segunda-feira já eram 60) e uma tragédia ambiental e material de poucos precedentes. Em número de vidas perdidas, o rompimento da barragem do Córrego do Feijão já é bem maior que no caso da Samarco e nesta segunda (28) a Vale já cancelou o pagamento de dividendos e bônus para seus executivos.

Silvânia Fonseca Moraes, professora de ensino fundamental, estava voltando de um velório de um parente quando foi informada do rompimento, que aconteceu na última sexta (25).

Ela mora há cerca de 16 km do local da tragédia e, assim que soube, pegou seu veículo jipe para tentar auxiliar no que fosse possível. Silvânia é brigadista voluntária, mas seu foco, até então, era incêndio florestal, e nunca havia participado de resgate de vítimas.

Voluntários relatam horror das buscas

A professora deu entrevista à BBC Brasil e revelou o horror que presenciou. Além de muita gente necessitada, que foi ajudada por ela, Silvânia também viu muita destruição física e natural. Ela relata que viu o poder de destruição da lama de perto. Em seu relato, ela que foi agregada ao grupo de buscas dos bombeiros pediu para cuidar de salvar vidas, pois é o que ela gostaria de fazer.

Outro socorrista que falou ao veículo foi Diego Dias, que se voluntariou para ajudar, mesmo morando em São Paulo.

Ele diz que ninguém conseguia andar pela lama e quando avistavam um corpo, acionavam os bombeiros para fazer o resgate por meio do helicóptero. O rapaz comentou que fez o trabalho ao lado de uma equipe da Cruz Vermelha, margeando a lama, por terra. Também relatou a destruição e a falta de recursos e informação de pessoas que só viram o resultado da tragédia.

Muita gente encontrada às margens da lama gritavam desesperadas por informação e ajuda, mas não haviam as respostas prontas para as perguntas dos desabrigados e necessitados.

"A televisão mostra imagens que faz parecer com que o trabalho do resgate é bonito. Mas, no local, presenciando pessoas gritando, crianças chorando, postes pegando fogo e barro descendo.

É uma coisa muito forte. Foi chocante. Não tenho como explicar", revelou Diego, em uma das frases mais impactantes da entrevista feita pela BBC.

Cabe lembrar que no domingo pela manhã, as buscas por corpos e sobreviventes chegou a ser interrompida por conta de uma nova ameaça de rompimento, desta vez na B6, uma barragem de água. O volume de água por conta das chuvas aumentou e a Vale acionou o alerta sonoro. O risco já foi descartado.