A Folha de S.Paulo teve acesso a um documento muito importante que revela que a Vale já previa uma tragédia no local que inundaria edificações em Brumadinho (MG) e, principalmente, do refeitório. A empresa já sinalizava a possibilidade um rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro e lama no Córrego do Feijão, que destruiria inclusive a sede da empresa no local. E na última sexta-feira (25) a tragédia prevista no documento aconteceu e nem mesmo a sirene, considerada uma das premissas para a sobrevivência das pessoas que estivessem nas área atingidas, funcionou.
Posteriormente o presidente da empresa disse que o alarme sonoro não funcionou pois foi 'engolfado' pela lama.
Como já previsto no documento obtido pela Folha, o Plano de Ações Emergenciais (PAEBM), previa a tragédia no refeitório e assim o foi. O documento deveria projetar possíveis danos em caso da barreira se romper e promover mitigação de perdas materiais, ambientais e vidas. Segundo a fonte jornalística, no documento, além de prever a destruição nas edificações, a lama correria em caso de tragédia, por cerca de 65 quilômetros do local do rompimento.
Sirene era parte importante no plano de evacuação
Em relação ao plano de evacuação de pessoas, uma das principais ferramentas era o acionamento da sirene para que as pessoas recebessem de forma antecipada, o alerta de emergência.
Entretanto, como explicado anteriormente pelo presidente, a sirene não funcionou. Diante do acionamento, funcionários seriam treinados para buscar áreas mais elevadas e pontos seguros que também foram identificados no PAEBM. Esta condução às áreas de segurança seria feita por equipes de emergência da própria Vale.
Uma imagem do possível local de alagamento pela lama com rejeitos também constava no PAEBM e foi publicado na página da Folha.
A área administrativa e refeitório seriam atingidas em 1 minuto, a Pousada Nova Estância em 4 minutos e o Parque da Cachoeira em 24 minutos.
Especialistas consultados pelo jornal ainda disseram que se o alarme sonoro tocasse, pessoas poderiam se salvar, mesmo com pequeno intervalo de tempo. A situação ainda se complica, pois uma das áreas de evacuação previstas no documento, também foram inundadas.
Jhonatan Júnior, que foi ouvido pela Folha revelou que seu irmão correu para uma das áreas 'seguras' e morreu.
O que diz a Vale
Segundo a Vale, o PAEBM prevê apenas uma ruptura estratégica e não a possibilidade real do rompimento. O local também passava por inspeções e que em 22 de janeiro, não foi detectada nenhuma alteração que prejudicasse a estrutura.