Evandro Schwirkowsky, catarinense de 23 anos, deu um verdadeiro susto em sua família após demorar meses para entrar em contato. Nesta terça-feira (16), o rapaz que era a princípio uma das vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho, Minas Gerais, disse que saiu uma hora antes da tragédia acontecer. Ele foi para Salvador e só agora decidiu se comunicar com os familiares que moram em Corupá, região norte de Santa Catarina. O motivo dessa demora em entrar em contato foi o preconceito e o medo de revelar o caso que ele tinha com o companheiro Edemilson de Jesus Silva.
Em fevereiro, o Instituto Geral de Perícias (IGP) pediu uma coleta do material genético do pai de Evandro para tentar descobrir se alguns dos corpos era do filho dele que estava supostamente desaparecido. O companheiro de Evandro foi quem havia acionado os policias sobre o sumiço do catarinense, ao dizer que Evandro tinha ido no dia da tragédia a Brumadinho para tentar emprego.
Em uma entrevista à NSC TV, Evandro contou que estava na cidade mineira e que uma hora antes da tragédia ele havia saído. Em seguida, decidiu ir para Salvador e ficar vagando nas ruas, pois estava com receio de voltar para casa e prejudicar seu companheiro Edemilson, pois achava que algum dos seus familiares de Corupá poderia ir procurá-lo e encontrar os dois juntos.
O catarinense pediu perdão aos familiares e principalmente ao seu companheiro que, segundo ele, foi a pessoa que mais sofreu. A razão de ter agido desta forma, de acordo com Evandro, é porque seu pai nunca aceitou o fato dele ser gay e morar junto com outro homem. O rapaz agradeceu a Deus por ter saído uma hora antes do rompimento da barragem.
O namorado do rapaz dado como desaparecido disse que ele está chorando muito e precisa se recompor. Depois, poderá explicar melhor como tudo aconteceu. Os dois se mudaram para Salvador no começo do ano e Evandro tinha decidido ir em Brumadinho tentar alguma vaga na empresa.
Vítimas
A chuva dos últimos dias atrapalhou a ação dos bombeiros, que ainda buscam encontrar mais corpos.
Conforme os dados, faltam ainda 46 pessoas serem encontradas e identificadas. Os trabalhos estão sendo realizados por 137 militares e 54 máquinas pesadas estão sendo usadas na remoção de entulhos e rejeitos.
Um dos pontos decididos pela equipe é a construção da estrada para a retirada do rejeito do Chifre esquerdo do remanso 3. Ao todo, já são 231 pessoas mortas nessa tragédia que teve, inclusive, a ajuda de militares de Israel para resgatar corpos e tentar encontrar vidas.