Um tatuador foi preso em Minas Gerais neste domingo (31) após várias acusações de assédio. Uma das vítimas relatou que o tatuador Leandro Caldeira disse que ela precisaria tirar a calcinha para fazer uma tatuagem por cima de uma cicatriz localizada em sua barriga. O caso ocorreu em Belo Horizonte. A Polícia civil informou que quinze mulheres fizeram denúncia contra o homem. Os advogados responsáveis pelo caso informaram que a prisão não possui fundamento e que o cliente é inocente.
A vítima relatou que achou estranho o pedido de retirar a calcinha, mas mesmo assim acatou a ordem.
Ela ainda afirma que ele apoiou uma parte da mão em cima de sua vagina enquanto fazia a tatuagem. Ao contar o caso, que ocorreu em 2016, para uma amiga, a moça foi alertada de que o tatuador havia cometido abuso.
A mulher disse que demorou a acreditar, pois o tatuador é famoso na região, e também desabafou dizendo que as mulheres ainda não sabem reconhecer uma situação de abuso.
Outra vítima era menor e estava com a mãe do lado
Outra vítima, de dezesseis anos, também relata abuso. A mãe da jovem foi impedida de acompanhar a sessão de tatuagem. Já na segunda sessão, a mãe acompanhou o trabalho, mas não percebeu o abuso. A jovem conta que o tatuador, de 44 anos, colocou o braço dela em suas pernas e se masturbou.
"Do lado, eu não percebi", relata a mulher.
Ativista denunciou na internet
A diretora de uma associação que representa trinta mil estúdios de tatuagem brasileiros, Ester Gavendo, declarou que não há necessidade de retirar roupas íntimas no momento da tatuagem e, se tiver que baixar a peça, deve ser colocado um pano para resguardar as partes íntimas do cliente.
Gavendo também disse que o tatuador não pode proibir a entrada de acompanhantes em sessão de tatuagem.
O que levou a identificação do tatuador foi uma postagem em rede social da professora e ativista Duda Salabert. Duda revelou que recebeu 100 comentários com narrativas de abusos cometidos em sessões de tatuagem. No entanto, desses 100, quarenta referiam-se ao tatuador Leandro, também chamado de tatuador de dreads ou de Leleco pelas vítimas.
A delegada da polícia civil de MG afirmou que o tatuador responderá por "violação sexual mediante fraude". Segundo ela, a fraude foi caracterizada porque o tatuador fez uso de maneiras de enganar as vítimas por meio de sua atividade profissional. A autoridade também informou que as provas obtidas até o momento são bem coerentes e que todas as vítimas relatam a mesma maneira de agir do tatuador.