Os pais de um bebê suspeitam que ele tenha sido dopado na creche onde ficava na cidade de Votuporanga, no interior de São Paulo. Ele foi submetido a exames toxicológicos. Os resultados dos exames de urina e de sangue, divulgados nesta terça-feira (30), identificaram uma substância tranquilizante, chamada Clonazepam, e ainda são aguardados exames complementares. Outras cinco crianças, que eram alunas da mesma instituição, também apresentaram os mesmos sintomas, mas não foram examinadas.

Preocupados com o fato do filho, na época com 11 meses, apresentar sonolência ao deixar o Centro Municipal de Educação Infantil (CEMEI) Valter Peresi, na qual ficava durante todo o dia, os pais decidiram registrar em 18 de outubro do ano passado um boletim de ocorrência, após a criança sofrer mais um desmaio e precisar ser novamente socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), tendo permanecido internada por alguns dias.

Na delegacia eles informaram que o bebê chegava bem na creche, mas ao sair aparentava estar dopada. “Na creche a criança chegava bem, quando saia estava sonolenta, desacordada”, disse o pai do menino, que não teve o nome revelado. “Teve dias que ele vomitava e não queria se alimentar”, continuou. “O meu filho desmaiou, foi levado pelo Samu e ficou internado durante três dias”, lembrou o homem, que acredita que a dopagem tinha como objetivo fazer o bebê pegar no sono.

Mãe acredita que o filho era dopado

Keli Nascimento Antoniolo, mãe da criança, por sua vez, decidiu procurar a Secretária de Educação para fazer queixa. “Estavam dopando nosso filhinho na creche”, afirma. Ao Jornal da Cidade, de Votuporanga, ela disse que levou seu filho ao cardiologista e ao neurologista, mas nenhum problema foi apresentado.

Keli lembra que os desmaios surgiram com 7 meses, quando a criança começou a ir a creche. “Depois que saiu da creche ele não apresentou mais desmaios”, lembrou.

A diretoria da escola disse que, de acordo com informações passadas pelas educadoras, a criança chegou bem na unidade e no período da manhã brincou e se alimentou, mas durante a tarde ela apresentou moleza, vomitou e veio a desmaiar em seguida.

A prefeitura da cidade, por meio de nota, afirma que nenhum medicamento é administrado nas escolas municipais. A Secretaria de Educação, por sua vez, relatou o caso à Procuradoria Geral do Município, mas na época ainda não havia resultados dos exames que determinassem providências administrativas. Mesmo assim, foram passadas orientações aos educadores das escolas municipais.

Os advogados da família disseram que não podem dar mais detalhes sobre o caso para não prejudicar as investigações que se encontram em andamento e também para preservar a criança e seus pais. Segundo eles, a finalidade de dar o tranquilizante para a criança teria sido fazer com que ela pegasse no sono e desse menos trabalho. “Motivo claramente repugnante e covarde”, disseram.

O pediatra Jorge Haddad lembra que essa substância não pode ser usada sem prescrição médica, ainda mais em crianças. Ele alerta que dependendo do número de gotas aplicadas, a criança pode vir até a morrer. A Polícia Civil abriu um inquérito e até agora cerca de 20 pessoas foram ouvidas.