Presa desde novembro do ano passado, suspeita no envolvimento na morte do jogador do São Bento, Daniel, Allana Brittes pode deixar a Penitenciária Feminina de Piraquara após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) conceder um habeas corpus nesta terça-feira (6). Os cinco ministros da 6.ª Turma votaram a favor de sua soltura, mas algumas condições foram estabelecidas.
Dentre as obrigações que a jovem terá que cumprir está o comparecimento em juízo, a proibição de frequentar determinados lugares e também o contato com os demais réus.
Além disso, ela não poderá deixar Curitiba.
Caso as normas sejam desobedecidas, ela retornará para a cadeia. Ainda não se sabe quando exatamente ela ganhará a liberdade, uma vez que a decisão não tem efeito imediato e é preciso cumprir tramite burocrático, que pode levar alguns dias.
A defesa baseou o pedido de habeas corpus no fato de que Allana sempre foi personagem secundária no caso, além de não responder por homicídio. Ela é acusada de coação no processo, corrupção de menores e fraude processual. A defesa também alegou no pedido de liberdade que todas as atitudes de Allana foram em consequência dos atos do pai, Edison Brittes, que confessou ter matado o jogador.
Esta foi a terceira vez que a defesa entrou com pedido de liberdade para Allana, sendo que as duas anteriores foram negadas. As outras duas ocorreram em fevereiro e março.
Daniel foi encontrado morto na manhã de 27 de outubro, em uma mata em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, com sinais de tortura e o órgão genital mutilado. Edison Brittes disse que matou o atleta após ele tentar violentar sua esposa, Cristina Brittes, que também está presa, fato que não foi confirmado pelas investigações.
Testemunha revela rosto pela primeira vez
No final de semana, Lucas Stumpff, conhecido como Mineiro, concedeu entrevista para uma emissora afiliada da Rede Globo do Paraná, onde pela primeira vez mostrou o rosto.
Por conta das ameaças, ele deixou o Paraná e a entrevista foi concedida em São Paulo, em um local escolhido por seu advogado.
O rapaz contou que estava na boate onde Allana comemorava o aniversário e foi para a casa da família Brittes no mesmo carro que Daniel. Ele disse que estava na casa, quando por volta das 5 horas da manhã um cara correu para alertar do que estava acontecendo. Ele olhou pela janela e viu Daniel implorando para não morrer enquanto era espancado pelos outros rapazes.
Ele relatou que quando olhou pela janela viu Daniel em cima da cama sendo enforcado. Minero disse ainda que Allana e Cristina tentavam intervir para que as agressões parassem. Ele disse que viu Edison passando atrás dele com uma faca e depois viu Daniel fora do carro que transportou muito machucado.
Mineiro relatou que foi a um encontro com a família Brittes que pretendiam combinar o depoimento, mas ele decidiu ir na delegacia contar a verdade. Na saída, seus amigos alertaram sua mãe para que ele deixasse a cidade porque já tinha pessoa falando que iam pegar ele.
Fora de Curitiba, Mineiro diz que vive com medo, toma remédios e sofre de depressão. “O medo me tirou da cidade onde eu cresci”, disse.