Nesta última quarta-feira (6), a Polícia Federal abriu inquérito para investigar o porteiro que citou o presidente da República Jair Bolsonaro como sendo o responsável pela entrada de Élcio Queiroz no condomínio Vivendas da Barra.
Élcio Queiroz é um dos suspeitos de ter participado dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes. O crime aconteceu no mesmo dia de 2018 em que Élcio entrou no condomínio em que reside o presidente Bolsonaro.
A investigação, que está sendo conduzida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro e pelo Ministério Público (MP) carioca, está repleta de dúvidas, até mesmo porque existe a possibilidade de mais um funcionário do condomínio estar envolvido no caso.
Obstrução de Justiça, denunciação caluniosa e falso testemunho, estes são os crimes em que o porteiro do condomínio de luxo irá ser investigado, porém, ele não responsabilizou o presidente em nenhum crime.
Foi o próprio Jair Bolsonaro quem solicitou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, colocasse a PF no caso.
A família de Marielle Franco já se pronunciou dizendo que não aprova a participação de agentes federais comandados por Moro na investigação do caso.
Mas não é só a família da vereadora assassinada que é contra a interferência de Bolsonaro e Moro nas investigações, representantes da oposição e especialistas na área de segurança também temem por uma possível influência do presidente nesse caso.
Bolsonaro já havia sido criticado por procurar um comando "alinhado" para o cargo de Procurador Geral da República, em agosto tentou impor uma mudança no comando da Polícia Federal do Rio de Janeiro, o que desagradou associações de policiais e vários delegados ameaçaram se demitir por causa da interferência de Bolsonaro.
Na época, Bolsonaro determinou que o então chefe da PF no Rio de Janeiro, Ricardo Saad, fosse exonerado.
Para o seu lugar, o presidente queria que entrasse o delegado Alexandre Saraiva. Saraiva atualmente é chefe da Polícia Federal do Amazonas.
Bolsonaro derrotado
A cúpula da corporação decidiu pelo nome de Carlos Henrique Oliveira de Souza, atual chefe da PF de Pernambuco, para chefiar a PF do Rio de Janeiro. Até o momento, a nomeação de Souza ainda não foi formalizada no Diário Oficial.
Bolsonaro não deu explicações do porquê da preferência por Saraiva no comando da PF do Rio, pois o mesmo já havia sido sondado pelo líder do Executivo para o cargo de ministro do Meio Ambiente.
A Polícia Federal, além do caso Marielle, também investiga outro caso em que o presidente Bolsonaro mostrou-se interessado.
Um dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PSL), está sendo investigado por possível crime eleitoral. Ele é suspeito de ter omitido bens à Justiça na eleição de 2014.