A Folha de S. Paulo fez um levantamento de ministros que utilizaram voos exclusivos da Força Aérea Brasileira (FAB). Utilizando dados obtidos com a FAB, dos deslocamentos realizados por autoridades federais no primeiro ano do Governo Bolsonaro, foi possível constatar que foram feitas 12 missões (viagens a serviço) para fora do Brasil. Em todas as missões, não passou de cinco o número de passageiros a bordo.

No ranking dos ministros que mais utilizaram as aeronaves da FAB, o primeiro lugar fica com Ernesto Araújo (Relações Exteriores), que realizou cinco viagens. O segundo lugar ficou com Ricardo Salles (Meio Ambiente), que fez uso do recurso em três oportunidades.

Na lanterninha do ranking estão: Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública), Paulo Guedes (Economia), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Jorge Oliveira (Secretaria-Geral). Todos com apenas uma viagem.

Exoneração

Nesta semana, o uso de uma aeronave da FAB para uma viagem para fora do Brasil fez com que o presidente Bolsonaro destituísse Vicente Santini da função de secretário-executivo da Casa Civil.

O ex-número dois da pasta (o titular é Onyx Lorenzoni) fez a requisição do uso de um jato para ele e duas assessoras, no intuito de irem a Davos, que fica na Suíça. O ex-auxiliar de Onyx queria usar a aeronave para participar do Fórum Econômico Mundial. Ele também pretendia ir para a Índia, para acompanhar o presidente Jair Bolsonaro que estava em agenda oficial.

Jair Bolsonaro afirmou que não há ilegalidade no ato de Santini, porém ressaltou que é algo imoral. O presidente ainda comentou que ministros utilizaram voos comerciais, na classe econômica. Além disso, ele relembra que, no passado, quando não era presidente foi para a Ásia utilizando a classe econômica.

Ministro interino

Santini estava ocupando interinamento o comando da Casa Civil, pois Lorenzoni está de férias.

Jair Bolsonaro classificou a atitude de Vicente Santini como imoral, pois Santini poderia ter usado um voo comercial. Nesta última quarta-feira (29), Lucas Furtado, o Subprocurador-Geral do Ministério Público de Contas, fez uma representação contra Santini "pelo dano causado ao erário por ato flagrantemente antieconômico"

Amigo da família

Ainda na quarta-feira, Santini ganhou outra função dentro do governo, ele foi nomeado assessor especial da Secretaria Especial de Relacionamento Externo da Casa Civil. Bolsonaro deu o novo cargo para Santini atendendo a pedidos de seus filhos, que intercederam pela permanência do amigo no governo. A Casa Civil divulgou nota em que afirmava que o presidente Jair Bolsonaro e Vicente Santini tiveram uma conversa e o entendimento do presidente é que Santini “deve seguir colaborando com o governo”.