Um eletricista de uma empresa terceirizada que presta serviço à Enel, no Ceará, disse que ele e mais três colegas foram demitidos após se negarem a fazer cortes de energia de clientes inadimplentes durante a quarentena. O caso aconteceu em Fortaleza.

Ramiro Roseno Sombra, 27 anos, postou nas redes sociais um vídeo o qual reclamava da postura da empresa, que o demitiu após ele se opor a cumprir as ordens de serviço que lhes foram passadas.

De acordo com ele, tirar a energia elétrica das pessoas que estão em isolamento social durante a quarentena “seria injusto”.

Sombra conta que ele e outros 19 funcionários receberam ordens de serviço, mas não quiseram cumpri-la, por isso ele e outros três colegas foram desligados da empresa enquanto que os 16 restantes foram suspensos de suas atividades por um dia. “Nesse momento, nesse período, não é cabível cliente ser cortado", conta.

O eletricista também alertou para o risco de outros profissionais sofrerem agressões quando forem executar os cortes. “É um serviço arriscado", alertou Sobra, que postou na internet a carta de rescisão de seu contrato de trabalho.

Ele tem quatro filhas e esse trabalho é sua única fonte de renda.

Eletricista demitido não se arrepende

Apesar de ter sido demitido, Sombra disse que seguiu suas convicções e que não está arrependido. Ele disse que está há seis anos nessa profissão e que nesse momento que o mundo atravessa não concorda em fazer os cortes. "O que eles fizeram comigo foi bastante injusto", lamentou.

A Enel emitiu uma nota onde confirmou a demissão do funcionário, mas disse que tais contratos são gerenciados pelas empresas parceiras. A empresa disse ainda que o tipo de corte em questão é relativo aos casos que o desligamento foi pedido pelo próprio cliente.

A Sirtec, empresa a qual o eletricista prestava serviço, foi procurada pela reportagem do portal G1, mas as ligações não foram atendidas.

Aneel suspende cortes por 90 dias

Também nesta terça-feira (23), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que estão suspensos os cortes de energia elétrica motivados por falta de pagamento. A medida tem validade de três meses e envolve residências urbanas e rurais, além de serviços essenciais, como hospitais. A decisão foi tomada devido à crise econômica provocada pelo novo coronavírus.

O diretor da Aneel, Sandoval Feitosa, ressaltou que tal medida não isentará os consumidores de pagamento, mas sim para garantir o serviço daqueles que não dispuserem manter os pagamentos em dia.

Além da suspensão do corte por 90 dias, a resolução também prevê a suspensão da entrega mensal da fatura impressa e sua entrega pessoal, a suspensão de atendimento presencial ao público e a suspensão do descadastramento de famílias da tarifa social.