A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) divulgou nota nesta terça-feira (7) em que afirma que a atitude do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), de receber jornalistas e retirar a máscara durante entrevista na parte da manhã é "criminosa". A revolta da associação dos profissionais da imprensa se deve ao fato do líder do Executivo já saber que estava infectado pelo novo coronavírus. A ABI irá entrar com uma notícia-crime no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o mandatário.

De acordo com a associação, Bolsonaro teria infringido dois artigos do Código Penal.

Um deles é o artigo 131, que fala sobre ato criminoso, quando este ato é praticado com a intenção de transmitir a outrem moléstia grave com a qual se está contaminado. o outro é o artigo 132, que trata de quem expõe a vida das outras pessoas a um perigo iminente.

A nota foi assinada pelo presidente da associação, Paulo Jerônimo, que afirmou que não é possível que o Brasil assista sem reagir aos sucessivos atos do presidente “que vão além da irresponsabilidade” e, desta maneira, estariam configurando crimes contra a saúde pública.

Jair Bolsonaro se dirigiu aos jornalistas da CNN Brasil, TV Brasil e Record TV na manhã da terça-feira (7) e então anunciou que seu resultado para o teste de Covid-19 deu positivo.

Em seu relato, Bolsonaro afirmou que tudo começou no domingo (5), quando ele sentiu uma indisposição, o quadro então se agravou no dia seguinte, com cansaço e uma febre de 38 graus.

Depois de ter ido realizar uma tomografia no hospital, a equipe médica optou por tratar o mandatário com hidroxicloroquina e azitromicina. Bolsonaro continuou seu relato dizendo que acorda muito durante a noite e que depois da meia-noite, ele já estava se sentindo melhor.

Às 5h tomou a segunda dose da medicação e estaria se sentindo bem, afirmou Bolsonaro. A Secretaria Especial de Comunicação Social divulgou nota oficial em que afirmava que o estado do presidente da República é “bom”.

Emissoras

O repórter Leandro Magalhães, da CNN, foi afastado do trabalho. Além dele, a emissora também afastou o cinegrafista.

Ambos só irão retornar ao trabalho depois de apresentarem resultado negativo em seus exames. A Record TV informou que o repórter Thiago Nolasco será afastado de suas atividades por sete dias. Nolasco foi um dos profissionais da imprensa que falou com o presidente da República. O site UOL entrou em contato com a TV Brasil, mas a emissora que também mandou profissionais para entrevistar Bolsonaro não entrou em contato com o site.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, por sua vez, enviou ofício aos veículos de comunicação pedindo que a cobertura presidencial fosse suspensa. Caso os jornalistas que tiveram contato com o presidente da República testem positivo para o novo coronavírus, o sindicato estuda a possibilidade de entrar na Justiça contra Jair Bolsonaro.