Duas semanas após a grande repercussão no caso de uma menina de 10 anos que engravidou em decorrência de abusos sexuais cometidos pelo próprio tio desde os 6 anos, um caso bastante semelhante ocorreu no Espírito Santo.

Desta vez, a vítima é uma menina de apenas 11 anos que também engravidou devido a abusos cometidos por um familiar. O caso corre em segredo de justiça e por isso maiores informações dos suspeitos ainda não foram divulgadas.

Aborto

Assim como ocorreu com a criança de 10 anos, a vítima de 11 também tem direito legal de interromper a gestação, porém a menina enfrenta dificuldades de acesso ao procedimento.

Residente de Mucuri, uma cidade interiorana do Espírito Santo, a vítima aguarda pelo procedimento há quatro dias e já passou por pelo menos dois municípios diferentes sem que o aborto fosse realizado.

Segundo informações, na sexta-feira (28) a vítima foi encaminhada à cidade de São Mateus, também no Espírito Santo, a uma distância de 133 quilômetros de sua residência sem o transporte por ambulância.

A cidade de São Mateus é exatamente o local onde a criança de 10 anos residia e não conseguiu realizar o procedimento, tendo que viajar ao Recife.

Promotor

De acordo com o promotor de justiça Edilson Tigre Ferreira, a decisão de encaminhar a menina a outra cidade foi realizada no intuito de protegê-la.

A vítima foi encaminhada a Mucuri porque Edilson queria evitar que ocorresse uma presão sobre ela, no entanto no sábado a menina já estava novamente em sua cidade natal sem ter realizado o procedimento.

As autoridades informaram que a menina não foi atendida em São Mateus, pois faltavam documentos essenciais para a realização do procedimento, entre eles a ordem judicial e um protocolo médico.

Ainda no sábado, o Judiciário expediu uma determinação autorizando a realização do procedimento e incluindo caráter de urgência. Mesmo assim, o atendimento foi impossibilitado pela falta de organização em torno do caso, e a menina não estava acompanhada de um responsável legal.

Juiz

O juiz da comarca, Helton Neves Farias, não comentou sobre o caso alegando que o processo segue em segredo de justiça.

A secretária de Saúde de Mucuri, Marilucia de Souza Sá, também não comentou o caso.

Não se sabe até o momento as razões que levaram o sistema de saúde do município a não orientar e oferecer a realização do procedimento legal de interrupção da gestação assim que a menina recebeu os primeiros atendimentos médicos.

Suspeito

Preso preventivamente, o suspeito de ter cometido os abusos contra a menina é o companheiro de sua avó, guardiã legal da vítima. A gestação foi identificada após um atendimento médico na última quinta-feira, quando foi constatado o tempo gestacional de 8 semanas. O promotor do caso informou também que a menina apresenta um descolamento de placenta.