Foi entregue à Procuradoria-Geral da República (PGR) por deputados do PSB um relatório que denuncia compras realizadas pelas Forças Armadas no ano passado. De acordo com os parlamentares, os militares adquiriram 700 toneladas de carne e também 80 mil latas e garrafas de cerveja.

Se a compra dos produtos já causa curiosidade, ainda chama a atenção o fato de ter sido escolhido um dos cortes mais nobre do Brasil, a picanha, e as cervejas escolhidas estarem entre as mais caras do mercado. Existe a suspeita de superfaturamento na compra dos produtos.

Lista de compras

No documento que foi enviado à PGR constam informações da compra de 500 garrafas de cerveja da marca Stella Artois, com o custo de R$ 9,05 a unidade, e ainda 3 mil garrafas de cerveja da marca Heineken, que saiu a R$ 9,80 cada uma. Também constam na lista de compras as marcas Eisenbahn e Bohemia Puro Malte.

Picanha

Os dados foram obtidos no Painel de Compras do Ministério da Economia e mostram que houve uma licitação em que o Comando do Exército estimou o quilo da picanha em R$ 118,25. Os deputados que enviaram a representação afirmaram que é preciso investigar qual foi o corte de que carne que teria sido usado para chegar a um valor tão desproporcional.

Os parlamentares ressaltaram ainda que a grande quantidade que foi solicitada pelos órgãos por meio de processo licitatório deveria favorecer a negociação e inspirar preços bem menores.

Mas o que se constatou é que os preços contratados são bem maiores que os preços dos supermercados.

Em um ano em que o país está atravessando uma pandemia, com uma crise sanitária e ainda uma crise econômica que está devastando o Brasil, é inconcebível que “os cofres públicos tenham custeado gastos com cerveja”, lamentaram os parlamentares.

Eles ainda disseram que enquanto a população sofre com a falta de recursos para sobreviver, os militares do país fazem uso de dinheiro público para gastar com bebidas alcoólicas. Essa conduta fere mortalmente o princípio constitucional da moralidade pública, disseram os deputados.

Ministério da Defesa

O Ministério da Defesa divulgou nota em que informou que existe uma diferença entre o processo de licitação e a compra realmente realizada, em que a real aquisição é realizada de acordo com a necessidade real da administração.

O órgão informou que irá esperar ser notificado pela PGR para dar mais explicações sobre o assunto e ainda garantiu que vai apurar quaisquer irregularidades que forem encontradas. Perguntada sobre se a cerveja também fazia parte da alimentação dos militares, a pasta não quis responder.