O Governo federal gastou mais de R$ 1,3 milhão de verbas públicas para financiar ações de marketing com influenciadores digitais sobre a Covid-19.
O valor foi gasto pelo Ministério da Saúde e pela Secom (Secretaria de Comunicação) e inclui quase R$ 86 mil de cachê para 19 influenciadores que foram contratados para divulgarem em suas redes sociais as campanhas do governo. As informações são da Agência Pública.
Foram contratados em janeiro pela Secom quatro influenciadores digitais, que receberam R$ 23 mil para comentarem sobre “atendimento precoce”.
A verba veio de um total de quase R$ 20 milhões de uma campanha publicitária chamada “Cuidados Precoce Covid-19”. Somente a ex-BBB Flávia Viana ficou com R$ 11,5 mil, segundo os documentos obtidos pela reportagem da Agência Pública.
Quase famosos
No roteiro da ação que a Agência Pública obteve por meio de pedido via Lei de Acesso à Informação (LAI), a Secom trabalhou com os influenciadores: João Zoli, Jéssika Taynara e Pam Puertas eles receberam a orientação de realizarem um post e seis Stories no Instagram pedindo para que seus seguidores, caso sentissem alguns sintomas que pudessem ser relacionados com a Covid-19, procurassem imediatamente um médico e solicitassem o chamado "atendimento precoce".
A Agência Pública tentou falar com os influenciadores digitais, mas até o momento do fechamento da reportagem eles não entraram em contato. No ofício que acompanhava a resposta da LAI, a Secom falou sobre a destinação dos quase R$ 1 milhão, porém não especificou os gastos com os influenciadores digitais.
No dia 16 de janeiro, o Ministério da Saúde teve uma postagem no Twitter marcada como “publicação de informações enganosas e potencialmente prejudiciais relacionadas à Covid-19” por recomendar que as pessoas que apresentassem sintomas buscassem uma UBS e solicitassem o “tratamento precoce”, que não tem comprovação científica.
Eduardo Pazuello
O governo federal tenta se defender afirmando que, na verdade, defendia o “atendimento precoce” e não o “tratamento precoce”, justificativa essa que o ex-ministro da Saúde tentou utilizar no dia 18 de janeiro de 2021, quando negou ter utilizado o segundo termo e afirmou que o Ministério da Saúde recomendava a primeira opção.
A Secom informou que não possui ata da reunião sobre os influenciadores digitais quando respondeu à Agência Púbica. A Secretaria de Comunicação do governo federal alegou que não é prática comum do órgão gravar reuniões ou manter uma ata das reuniões. O Ministério da Saúde, por sua vez, informou que tem pagado influenciadores para campanhas sobre a pandemia desde março do ano passado.