O detetive particular Ivancury Barbosa foi filmado por uma câmera escondida instalando um rastreador no carro do jornalista Alexandre Aprá, em Cuiabá (MT). O jornalista, que deixou o estado, alega perseguição política após publicar reportagens nas quais acusava o governador Mauro Mendes (DEM), a esposa dele e o publicitário Ziad Fares de envolvimento em contratos suspeitos do governo com agências de publicidade.

Gravações foram entregues para a polícia

O próprio jornalista entregou as gravações para a Polícia Federal, alegando que o objetivo seria incriminá-lo ou armar um falso flagrante.

O detetive, procurado pela reportagem do portal UOL, negou que tenha sido contratado pela família do governador e disse que não revelaria o nome do cliente por se tratar de sigilo profissional.

O advogado do governador, Hélio Nishiyana, também negou a participação de Mauro Mendes, sua esposa e o publicitário no episódio. Fares declarou ser absurda a acusação do jornalista e que esta teria cunho político com o objetivo de prejudicar os negócios do governador.

Jornalista começou denúncia em junho

A denúncia começou em junho, com uma nota de Aprá a respeito de uma postagem no Instagram da primeira dama em 2019. Ela exibia um anel com um agradecimento a Fares. Na época, a agência de Fares foi contratada pelo governo do estado.

Após a publicação da nota, seguida de outras matérias, a esposa do governado registrou queixa de calúnia, difamação e fake news na Delegacia da Mulher.

O advogado Nishiyana justificou que o presente teria sido devido ao aniversário da esposa do governador, e que ambos se conheciam há mais de 20 anos. De qualquer forma, um novo contrato publicitário de Fares com o governo no valor de R$ 70 milhões estava em fase de licitação, mas foi cancelado.

A partir desse episódio, Aprá alegou que começou a receber recados ameaçadores.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e Sindicato dos Jornalistas do Mato Grosso pediram rigorosa apuração dos fatos sob justificativa de que a liberdade de imprensa está sendo atacada, na tentativa de inibir o direito à informação por parte da sociedade.