Queijos são grandes companheiros no café da manhã: dentro do pão ou ao lado da goiabada, o “queijim é trem bão” para a alimentação e integra a cultura dos mineiros, especialistas no assunto.
É de lá das Minas Gerais que esse laticínio encontrou as condições, técnicas e tradição reconhecidas Brasil afora. Nos últimos anos, o queijo vem sendo mais conhecido no Exterior. É que os produtores dessa delícia têm disputado alguns campeonatos internacionais e não fazem feio.
Na competição ocorrida neste ano do Mondial du Fromage et des Produits Laitiers, sediada na França, os brasileiros faturaram nada menos que 57 medalhas.
Para se ter ideia da importância, esse torneio equivaleria o que uma Copa do Mundo representa para o futebol.
Foram 331 premiações e, a considerar o percentual de reconhecimentos, os queijeiros do Brasil ganharam 17,2% do total de medalhas disponíveis.
Em sua quinta edição, o Mondial du Fromage avaliou 940 queijos provenientes de 46 países. O bom desempenho do Brasil deve-se principalmente aos produtores de Minas Gerais, os quais conquistaram 40 prêmios – como se isso soasse bem óbvio para nós, conterrâneos da mesma Nação. Os paulistas vêm em segundo lugar, com 15 prêmios.
Brilho ofuscante
A disputa da avaliação de queijos tem uma classificação diferenciada: embora imite o mesmo sistema de pódio como nos esportes olímpicos, o Mundial de Queijos criou o “Super Ouro”, ou seja um primeiríssimo lugar.
E das 57 premiações, o Brasil arrasou com cinco “Super Ouro”. O restante foi distribuído da seguinte maneira: 11 Ouros, 24 Pratas e 16 Bronzes.
Ao término do certame realizado entre os dias 12 e 14 de setembro, os brasileiros ficaram em segundo lugar, perdendo apenas para os franceses, donos da casa.
“Já é a terceira vez que a gente participa desse mundial, mas nos superamos em quantidade de medalhas e de queijos”, afirmou Débora Czar, presidente da SerTãoBras, entidade responsável por remeter 183 queijos de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul e Pará à França.
A SerTãoBras é uma associação que congrega produtores rurais.
Clube seleto
A importância do “Super Ouro” pode ser medida em sua seletividade: em todo o concurso de 2021, apenas 30 participantes tiveram a sorte de receber o título. Foi o caso do produtor Ivacy dos Santos, mineiro que mora na região do vale do rio Doce; ele produziu um queijo maturado em outro produto bem conhecido do brasileiro, a cachaça.
Ivacy acredita que este processo de amadurecimento torna o “redondo” mais cremoso e macio. O queijeiro tem pé quente, pois ganhou também uma prata em 2021 e levou um bronze na competição de 2019.
Mesmo com a conquista de prêmios, Débora Czar acha que o queijo brasileiro não é tão valorizado no Exterior; ela reitera o fato de os produtores estarem competindo em Concursos que deem visibilidade seja muito importante para tirar o laticínio nacional da obscuridade.
Para o secretário de estado da Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira, o resultado “no Mondial du Fromage revela a força e o vigor da cozinha mineira, o cuidado e a excelência de nossos produtos artesanais e reafirma a razão de Minas ser reconhecida, principalmente, por sua cozinha tradicional.”
Então, agora é só comemorar: botar uma toalha bem bonita na mesa, com um pouco de doce de leite ou café e claro, no centro dessa mesma mesa colocar Sua Majestade, o queijo. “Só trem bão.”