Não é algo novo se pensarmos que a pandemia acabou e vieram outras doenças com força total. A febre maculosa continua por aí e o estado de São Paulo é o local que concentra o maior número de casos.

De 2013 a 2022, o Brasil contabilizou 2.058 casos com 695 mortes, conforme boletim emitido pelo Ministério da Saúde. Mais de 60% das mortes foram em território paulista.

Transmitida pelo carrapato-estrela, ele aloja a bactéria causadora da doença. Conhecida como Rickettsia, essa bactéria já causou a morte de cinco pessoas em 2023, todas confirmadas pelo Instituto Adolfo Lutz.

Mais propício

Em entrevista ao portal R7, a infectologista Tânia Chaves diz que a bactéria é mais comumente encontrada na Região Sudeste e no Pará. No caso de São Paulo, ele “tem as características do bioma, os aspectos da vegetação e de mata silvestre mais propícios para os aracnídeos alcançarem a vida evolutiva plena.”

Sendo mais específico a respeito da frase dita por Tânia, é bom evitar regiões silvestres como matas e trechos com vegetação alta. Outros exemplos são idas a fazendas e participação em trilhas ecológicas.

Caso seja necessário frequentar esses lugares, recomenda-se o uso de roupas claras, identificando assim e com mais facilidade a presença do carrapato. Melhor ainda se estas roupas forem de mangas compridas.

Uma bota também é um grande aliado, pois ela serve para prender a barra da calça.

Outro item importante no combate ao carrapato está nos repelentes. Passe antes de frequentar espaços rurais ou sempre que sentir necessidade.

Se você detectou a presença do bichinho na pele, puxe-o com firmeza e com cuidado. Depois de removê-lo, lave o local da mordida com álcool ou sabão e água.

Quanto mais rápida a retirada dos carrapatos, menor a possibilidade de infecção.

Em relação às roupas usadas no ambiente rural, é bom que sejam postas em água fervente, identificando os bichinhos causadores da febre maculosa.

Não entrar em pânico

Apesar da divulgação das mortes provocadas pela doença e com uma taxa de letalidade considerada alta, Tânia Chaves explica que não é preciso ficar apavorado com o surto ocorrendo principalmente na região de Campinas, interior de São Paulo.

Mas, claro, há que se prestar mais atenção.

Em 2022, o Brasil teve 190 casos com 50 mortes. Para o ano de 2023, o Ministério da Saúde soma 54 casos com 9 mortes no total.

Quem pensa que a doença é nova, está enganado: sabe-se da existência dela desde 1929 e a preferência do carrapato-estrela não está só nas matas ou na vegetação silvestre. Ele também pode ser encontrado em animais, especialmente nos cavalos e nas capivaras.

Patrícia Thyssen é professora de entomologia do Instituto de Biologia da Unicamp e afirma que o período de maior transmissão acontece entre os meses de maio e agosto.

Justamente por levar a óbito com mais facilidade, é essencial que o diagnóstico seja feito o mais rápido possível e encaminhar a pessoa infectada a unidades de saúde ou ao médico para tratamento.

Ficha dos sintomas

De acordo com o Ministério da Saúde, os principais sintomas da febre maculosa são:

- dor de cabeça intensa;

- diarreia;

- gangrena nas orelhas e nos dedos;

- febre;

- náuseas e vômitos;

- dor muscular constante;

- inchaço e vermelhidão na palma das mãos e dos pés;

- paralisia dos membros inferiores.

Dentro do estado de São Paulo, não é somente a região de Campinas que possui incidência de febre maculosa. As regiões de Piracicaba, Sorocaba e Assis são propensas a mostrar casos de contaminação.

É bom reforçar e fazer um pequeno resumo do que já foi levemente comentado durante esta matéria: para que uma pessoa esteja realmente com febre maculosa, o contato com o carrapato-estrela deve ter ocorrido numa faixa entre 4 e 10 horas.

Ao passar pelo exame médico, é importante que o doente comunique que esteve em área rural, pois isso facilita bastante a identificação da febre maculosa. Geralmente, os primeiros sintomas surgem entre 2 e 14 dias após a picada.

Lembre-se: quanto mais cedo a identificação da enfermidade, melhor a eficácia do tratamento, o qual aumenta significativamente a reversão dos sintomas e a possibilidade de cura.