Geralmente frequentador das mesas de festas juninas, o pé-de-moleque é sucesso o ano inteiro. Não é difícil de encontrá-lo à venda em lojas de doçarias Brasil afora. Originalmente feito com uma mistura de rapadura e amendoim, ele chegou às terras brasileiras no século XVI, trazida pelo navegador e governador da capitania de São Vicente, Martim Afonso de Sousa.

Há até uma cidade de Minas Gerais que se intitula como a capital do pé-de-moleque: Piranguinho se notabiliza pela produção artesanal do quitute.

No Nordeste, o amendoim pode ser substituído pela castanha de caju.

Em outros países, existem registros do doce, mas com nome alterado. Como se pode ver na Índia, cujo povo o conhece como “chikki”. Os mexicanos batizam o pé-de-moleque como “palanqueta”.

Mesmo presente nos dias de hoje em Portugal, essa atrativa sobremesa não tem origem portuguesa e sim, árabe, quando eles invadiram e povoaram a Península Ibérica durante a Idade Média.

É pé ou pede?

Quanto à denominação, o termo pé-de-moleque admite duas teorias: a primeira advém do tipo de calçamento empregado nas ruas das cidades históricas de Minas Gerais (como Ouro Preto, Tiradentes e Mariana) e de Paraty (RJ). Esse calçamento tem a instalação de pedras em formato irregular e de contornos arredondados que lembram o amendoim.

A outra teoria tem um cunho mais prosaico, quando as quituteiras do passado saíam pelas ruas para vender o doce. Elas eram alvo de furtos por parte das crianças, as quais adoravam a iguaria. A fim de evitar prejuízos e mal-entendidos, as vendedoras aconselhavam os “trombadinhas” que não roubassem o doce. Elas diziam: “pede moleque”.

Camaleão

Tão popular se tornou no Brasil que o pé-de-moleque possui variações de ingredientes e modos de preparo. Ele pode ser feito com mel e garapa (suco da cana-de-açúcar). Em certas regiões do Nordeste do Brasil, o pé-de-moleque pode receber outros elementos como a massa de mandioca, café, especiarias e coco ralado.

Com o passar do tempo, o quitute foi se transformando e é difícil dizer hoje qual é a receita mais fiel de se fazer.

No entanto, já se tem até receita que poupa aquela culpa por ingerir tanto açúcar e calorias. Para quem treina e “malha”, mas não quer perder a apreciação pelas coisas da boa mesa, essa é uma das receitas que serão descritas a seguir. Além de uma outra de caráter tradicional.

Primeira receita

Ingredientes

  • ½ quilo de amendoim torrado e descascado
  • ½ quilo de açúcar
  • 3 colheres de margarina
  • 1 lata de leite condensado

Preparo

  • Misture todos os ingredientes, exceto o leite condensado, em uma panela. Leve ao fogo, não deixando de mexer esta mistura.
  • No momento em que se forma a consistência de uma calda, despeje a lata de leite condensado.
  • Vá mexendo bem até obter a soltura total do fundo da panela. Coloque num tabuleiro, ou algo similar, untado com margarina. Deixe esfriar e corte em pedaços quadrados ou retangulares.

Segunda receita (versão light)

Ingredientes

  • 2 ¾ xícaras de amendoim torrado sem pele
  • 3 ¼ xícaras de açúcar mascavo
  • ½ colher (sopa) de gengibre ralado
  • 1 xícara de água
  • Manteiga

Preparo

Ponha numa panela a água, o gengibre e o açúcar em fogo alto.

Mexa bem até conseguir o derretimento do açúcar. Procure obter uma calda em ponto de fio (aquele cujo um fio se desprende da colher de modo solto e consistente). Após esse ponto, acrescente o amendoim e misture bem. Despeje a mistura em uma fôrma retangular untada com manteiga previamente. Deixe esfriar e corte em quadrados.

Observação: nas pesquisas efetuadas sobre receitas de pé-de-moleque, observou-se que há muitas maneiras e itens que podem ser substituídos pelo tradicional. É possível usar soja, chocolate em pó ou rapadura. Também pode-se usar o micro-ondas ao invés do fogão.