A primeira vítima do novo coronavírus no Brasil, que faleceu na última segunda-feira (16), era homem, morava na capital do estado de São Paulo, tinha 62 anos e era portador de diabetes e hipertensão. Segundo os médicos que o atenderam, o paciente procurou atendimento inicialmente com sintomas leves do novo coronavírus, como febre alta, tosse e problemas respiratórios e, ao longo dos dias, seu quadro de saúde acabou se agravando, levando o paciente a óbito.
Um detalhe importante é que a vítima não havia viajado recentemente ao exterior e nem tido contato com pessoas que tivessem retornado de viagem, o que demonstra se tratar de um caso de transmissão comunitária do novo coronavírus, ou seja, aquela que acontece sem que seja possível identificar a origem do vírus.
O paciente estava internado no Hospital Sancta Maggiore, localizado no Bairro Paraíso, na capital paulistana, e, quando faleceu, já estava em tratamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, no mesmo local outros quatro idosos morreram e, após a conclusão de exames, será possível saber se as mortes também foram causadas pelo novo coronavírus.
Infectologista faz alerta
A médica infectologista Carla Guerra, que atendeu o paciente, explicou em entrevista à BBC News Brasil que toda a equipe médica utilizou os equipamentos de proteção individual recomendados pelo Ministério da Saúde, como máscara N95, luvas e óculos protetores, sendo que o que colaborou para o óbito do paciente foi o fato de já possuir outras doenças, que acabaram por agravar o quadro de saúde da vítima.
Felizmente, até o presente momento, os familiares da vítima, que estão sendo acompanhados, não apresentaram sintomas.
Mesmo assim, a família foi orientada pela Secretaria Municipal de Saúde a realizar um funeral com poucas pessoas, apenas as mais próximas, e a manter o caixão fechado, evitando-se assim que outras pessoas possam contrair a doença.
Por conta do risco de contaminação, também não foi encaminhado o corpo do paciente ao Instituto Médico Legal (IML), seguindo diretamente do hospital para o cemitério.
Diante da situação e dos quadros falecimentos suspeitos de também terem decorrido do coronavírus, a médica infectologista alerta a população a permanecer em casa, porque a única forma de prevenção da doença consiste em todos ficarem em casa, sem encontros sociais.
Em desabafo também pediu que as empresas procurem fazer home office e que as pessoas poupem as pessoas idosas de qualquer exposição.
Segundo Guerra, é importante que nesse momento evitemos aglomerações e estejamos em isolamento voluntário, a fim de evitar que o vírus se espalhe rapidamente no Brasil. Além disso, é muito importante manter medidas básicas de higiene, como lavar as mãos frequentemente e usar álcool em gel.
"É preciso reforçar as medidas de proteção pessoal neste momento. Se todo mundo ficar doente ao mesmo tempo, não teremos serviço de saúde para atender à demanda", disse Guerra.