Segundo a médica Eliana Bicudo, assessora técnica da Sociedade Brasileira de Infectologia, a resposta para a pergunta se deve ou não remover a barba é "sim". A infectologista declarou à Agência Brasil que o coronavírus consegue ter sobrevida no cabelo e na barba, motivo pelo qual a touca e a máscara estão entre os EPI's (Equipamentos de Proteção Individual) utilizados pelos profissionais e agentes de saúde.
O uso da barba não permite a correta vedação da máscara e, por esse motivo, a pessoa continua vulnerável ao contágio pela infecção. Para funcionar de acordo com os parâmetros de segurança, a máscara deve estar firme e ajustada ao rosto, garantindo a vedação junto a pele, o que não acontece por conta da barba.
No entanto, muitas pessoas ainda divergem sobre a real necessidade de se remover ou não os pelos do rosto. Para Eliana Bicudo, esse tipo de contradição veio à tona no começo da pandemia, quando ainda não se sabia ao certo sobre a necessidade de utilização constante da máscara, o que tem sido cada vez mais indicado nos últimos dias.
A barba pode não permitir a vedação correta das máscaras
Ainda para a Agência Brasil, a infectologista destaca que, com a barba, a pessoa precisa estar ciente de que não está totalmente protegida mesmo usando máscara e que, ao ficar ajustando constantemente a posição da máscara no rosto por causa da pele barbuda, está correndo risco de contaminar o EPI, a boca e o rosto, caso a mão esteja com a presença do vírus.
O risco diminui quando a barba fica dentro do interior da máscara, ou seja, quando não há pelos nas laterais do rosto e abaixo do queixo. Devido ao aumento constante dos casos confirmados e vítimas fatais por contágio de coronavírus [VIDEO], muitos homens decidiram remover a barba nas últimas semanas, mesmo aqueles que a mantinham no visual há décadas.
"Foram mais de 20 anos usando barba. Já fazia parte do meu rosto. Realmente, a preocupação falou mais alto porque é uma doença assustadora. Por mais álcool em gel que a gente passe, continuamos vulneráveis. Foi uma decisão difícil, porém necessária", relatou ao site Agência Brasil, o empresário Flávio Moreira Barbosa, de 49 anos, do Tocantins.
Máscaras para uso cirúrgico ou as modelos N95 são as mais indicadas para as pessoas que se encontram contaminadas pelo coronavírus e assintomáticos, que são aqueles que podem estar infectados, mas não sentem os sintomas.
Com ou sem barba, higienização deve ser constante
Segundo estudo recente publicado pela revista científica Science, portadores de Covid-19 assintomáticos são responsáveis por cerca de dois terços das infecções e chegam a ser até seis vezes mais contagiosos, sendo que boa parte desses pacientes pode sequer reconhecer a doença ou então suspeitar que trata-se de apenas um resfriado, algo que reforça ainda mais a necessidade de distanciamento social para ajudar a conter a disseminação do coronavírus e de higienização pessoal constante para barbudos ou não.
A médica Eliana Bicudo diz que a máscara de pano atua mais como uma espécie de "barreira" entre as ações de prevenção ao contágio por infecções. E complementa informando que as máscaras devem ser trocadas a cada duas horas, porque as gotículas causadas por espirros, tosses ou mesmo pela fala molham o material e se tornam vulneráveis, já que o vírus sobrevive por bastante tempo nessas gotículas.