O Ministério da Saúde anunciou na última segunda-feira (3) que estuda a elaboração de uma medida provisória (MP) que garanta um crédito orçamentário extraordinário de R$ 1,9 bilhão para viabilizar produção no país de 100 milhões doses da vacina de Oxford contra o novo coronavírus.

O que é previsto na MP é um crédito extraordinário –uma modalidade de crédito adicional remetida ao atendimento de despesas urgentes decorrentes de acontecimentos como guerras, comoção interna ou calamidade pública.

Segundo o Ministério da Saúde, R$ 522,1 milhões serão destinados para a produção da vacina, R$ 1,3 bilhão para pagamentos à AstraZeneca, previstos no contrato de Encomenda Tecnológica, e R$ 95,6 milhões para absorção da tecnologia pela Fiocruz.

A MP se encontra em análise no Ministério da Economia, afirma o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Hélio Angotti Neto, segundo o qual o acordo deve ser assinado até 14 de agosto.

O que os testes mostram sobre a eficiência da vacina

A vacina foi desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, através de um vírus que causa resfriado em chipanzés e foi alterado geneticamente para carregar traços da proteína contida no coronavírus que acopla o invasor nas células humanas.

Soraya Smaili, reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), diz que apesar de alguns voluntários vacinados relatarem sintomas como dores no local da injeção, dores no corpo e inchaço, o que é esperado nesse tipo de vacina, os resultados se mostraram seguros na imunização através da produção de anticorpos contra o novo coronavírus.

Durante uma entrevista, Smaili também comenta que a Fiocruz tem estrutura para produzir as próprias doses de imunização: "A Fiocruz tem o preparo para fazer, tem capacidade para isso, profissionais habilitados. E, ao fazê-lo, ao receber essa tecnologia, ela terá condições de produzir, nas suas instalações, as doses necessárias para os próximos passos".

Essa não é a única vacina em fase de testes no país

O Instituto Butantan, em parceria com a empresa chinesa Sinovac Biotech, está desenvolvendo uma vacina que também está em fase de testes no Brasil.

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, em entrevista à CNN diz: “A vacina estará disponível para produção a partir de outubro. Temos previsão inicial de 60 milhões de doses que serão aplicadas apenas quando comprovada a eficácia do medicamento”.

“A vacina já mostrou nas fases anteriores, com quase mil voluntários, uma efetividade em torno de 90%, além de ter se mostrado segura. Agora estamos na fase de testes de campo, onde é testada de fato na população”, declara Covas. Segundo ele, a vacina poderá estar disponível para produção a partir de outubro.