Em novembro passado, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que havia 6,86 milhões de unidades de testes para detectar a presença do novo coronavírus (Covid-19) no organismo humano encalhadas em um galpão do Aeroporto de Guarulhos, sob a responsabilidade do Ministério da Saúde. Segundo o jornal, o Governo federal poderá ter um prejuízo de mais de R$ 240 milhões nos cofres públicos.

Esse total tinha um prazo de validade que venceria entre os meses de dezembro (2020) e janeiro (2021), mas a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) detectou que a vida útil dos produtos poderia ser prorrogada por mais quatro meses.

Nesse sentido, os testes para detectar a Covid-19 podem ser utilizados até maio deste ano. Resta saber se o Ministério da Saúde dará conta de destiná-los ao SUS a tempo.

Governo tem dificuldades para distribuir testes de coronavírus ao SUS

A solução encontrada pode não ser suficiente para evitar que milhões de testes sejam jogados no lixo. O fato é que o governo do presidente Jair Bolsonaro está passando por dificuldades para distribuir os testes no SUS (Sistema Único de Saúde). Desde que a pandemia do novo coronavírus iniciou, em março, muitos conflitos quanto a resolução do problema apareceram no governo de Bolsonaro, de modo que a pasta passou por mudanças, por exemplo, de ministro.

Desde maio de 2020 que os testes estão parados.

Segundo a área técnica, houve falta de planejamento no Ministério montado pelo governo Bolsonaro na compra de exames do tipo RT-PCR. Os alertas indicavam a suspensão de contratos de compra por parte do governo, mas só enquanto fosse organizada a rede de análise do SUS, mas naquele momento o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ignorou-os.

Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, hoje é perceptível que se caso fosse seguida as orientações, milhões de testes não teriam ficado ociosos durante meses e certamente a quantidade seria menor.

Testes da Covid-19 custaram R$ 275 milhões aos cofres públicos

A quantidade de testes adquiridos foi superior ao de insumos necessários para complementar o diagnóstico da Covid-19.

Dentre os insumos que faltaram estão os cotonetes “swab”. Além desses, também faltaram máquinas mais modernas que processassem as amostras dos pacientes de forma mais ágil e eficaz.

O prejuízo acumulado nos mais de 7 meses pelo Ministério da Saúde agora é alvo do TCU (Tribunal de Contas da União). Isso porque o custo total aos cofres públicos foi de R$ 275 milhões, o equivalente a R$ 42 por unidade. De acordo com o TCU, houve irregularidades preocupantes e no momento solicita explicações da pasta. O Estadão apurou que também há testes para detectar a Covid-19 sob a posse dos Estados, e os gestores de saúde estimam que o número dos testes encalhados podem chegar a três milhões de unidades em todo o território brasileiro.

Testes para detecção da Covid-19 sobe para 57,6 mil análises diárias

Nas últimas semanas, o ritmo de exames para detecção da Covid-19 no SUS aumentou para 57,6 mil análises diárias, mas a falta de insumos necessários ainda prevalece nos laboratórios. Atualmente a pasta tem corrido atrás do reagente de extração do RNA das amostras porque seu estoque está limitado a 390 mil análises. Estima-se que a Saúde necessita de aproximadamente 6 milhões de reagentes desse tipo. O Ministério da Saúde já está correndo atrás para compra dos mesmos.

Com um desafio tão grande para zerar o estoque parado, a pasta deverá encontrar estratégias para uso dos testes dentro destes quatro meses fornecidos pela Anvisa.

Segundo os dados divulgados pelo jornal, essa quantidade estocada equivale a 9 meses de atividade da doença. Em nota, o ministério afirmou que distribuirá e utilizará os testes antes mesmo do vencimento.