Andréa de Mayo foi uma conhecida empresária e militante pelas causas LGBT, que também atuava como cafetina e cuidava das travestis que se prostituíam na rua Amaral Gurgel, sendo temida pelos traficantes e ladrões da região e tendo conquistado até mesmo o respeito da polícia, que durante a década de 80 abordava com violência travestis e mulheres que andavam pelas ruas do centro de São Paulo oferecendo seus serviços sexuais.
Andréa era também proprietária da casa noturna Prohibidu's, que ficava embaixo do Minhocão e foi desativada logo após sua morte, em maio de 2000. O local era um ponto badalado da noite underground paulistana e reunia um público extremamente diverso, tornando-se uma verdadeira referência da subcultura clubber no Brasil.
Numa época em que a travestilidade e o transformismo se confundiam, Andréa falava abertamente sobre como havia criado uma personagem, bem como sobre a marginalidade e difícil vida das travestis prostitutas que protegia e acolhia. Em reportagem gravada em 1985 com o jornalista Goulart de Andrade, ela conta algumas das principais expressões do bajubá (inserção de palavras vindas de idiomas africanos no português, usadas inicialmente em terreiros de candomblé e posteriormente adotadas por homossexuais e principalmente travestis), expõe a hipocrisia dos homens que formam a clientela das profissionais do sexo e faz declarações bem diretas, como: "O palhaço pinta o rosto pra viver e o Travesti também.
(...) Quem que dá trabalho pra um travesti?"
Fotografada por Nan Goldin quando esta foi levada a São Paulo, para conhecer a Prohibidu's, Andréa era carismática, não bebia, não usava drogas e estava sempre preocupada em manter a ordem em sua casa noturna, onde todos se encontravam nas madrugadas, no after party.
Um momento marcante da militância de Andréa aconteceu em 1998, no Programa Livre, transmitido no canal SBT, em que debateu com o político Afanásio Jazadji, abertamente homofóbico e que destilou seu ódio a toda uma plateia formada por homossexuais e travestis.
Em maio de 2000, poucos dias após completar 50 anos, Andréa se submeteu a uma cirurgia para retirada do silicone industrial que havia injetado em seu corpo no passado.
Havia se cansado da vida badalada e planejava se mudar para o sítio que comprou e reformou aos poucos, em Ribeirão Pires. Encarregou-se, antes, de encontrar alguém para cuidar do inseparável companheiro Al Capone, um pequinês já velhinho e se internou na clínica. Operada, voltou da anestesia, mas acabou passando mal durante a madrugada e entrou em coma, vindo a falecer no dia 16 de maio, terça-feira. Foi enterrada no cemitério da Consolação.
Apenas em novembro de 2016 sua lápide foi retificada com o nome social; por 16 anos seu túmulo esteve identificado com o nome de batismo. Como seu pai não quis sepultá-la, um amigo disponibilizou o jazigo, mas não se atentou para a questão do nome. O professor da USP, Renato Cymbalista, pagou pela nova placa e uma cerimônia para a mudança ocorreu no dia 17 de novembro, contando inclusive com um coral de drag queens.