Os teóricos da Sociologia, principalmente no início dessa ciência, impressionados com a imensa diversidade de comportamentos que encontravam pelo globo, tentaram várias explicações. O Determinismo Biológico foi uma dessas explicações. No entanto, é preciso que se diga que não se trata de uma corrente sociológica especifica, mas de uma forma de ver o mundo que aparece também em correntes da Biologia e da Antropologia Física e Social.

Para o Determinismo Biológico, a cultura estaria diretamente relacionada à diversidade étnica existente em todo o mundo.

Isto é, os hábitos, costumes e valores de cada povo estariam necessariamente determinados por características genéticas inerentes a cada comunidade específica. Assim os índios seriam preguiçosos, os negros só serviriam para o Trabalho braçal e os brancos inteligentes.

Nesta concepção, o comportamento de cada indivíduo estaria de acordo com as características de sua etnia. Tudo se passava como se, apesar de sermos todos da mesma espécie, houvesse diferentes raças espalhadas pelo mundo. A partir dessa visão, a dominação de uma cultura sobre a outra começa a se tornar natural e teorias racistas começam emergir “cientificamente” embasadas.

Por outro lado, diferenças sociais dadas pela diversidade biológica (como por exemplo, a divisão do trabalho entre homens e mulheres) também podem ser tomadas pelo determinismo como naturalmente dadas.

Isto é, nem todas as sociedades interpretam os papeis sociais que homens e mulheres desempenham da mesma forma. Com efeito, se há uma diferença clara entre sexos, isto não implica que esta diferença deva ser mantida e tomada como dada, como quer o determinismo biológico.

Segundo Roque Laraia (1932), a verificação de qualquer sistema de divisão sexual do trabalho mostra que ele é determinado culturalmente e não em função de uma racionalidade biológica.

O transporte de água para a aldeia é uma atividade feminina no Xingu (como nas favelas cariocas). Carregar cerca de vinte litros de água sobre a cabeça implica, na verdade, um esforço físico considerável, muito maior do que o necessário para o manejo de um arco, arma de uso exclusivamente masculino.

Assim pode-se dizer que a diversidade étnica não acarreta em nenhum momento, uma cultura específica.

Os hábitos e costumes de um povo são dados, antes de qualquer coisa, por um processo de aprendizagem e interpretação. No entanto, como esses processos estão sendo transmitidos as novas gerações? Por que, ainda, no mercado de trabalho a preferência ainda é por jovens em detrimento aos mais velhos? E, diga-se de passagem, não é qualquer jovem: tem que apresentar um “biótipo” específico.

Para a Sociologia, cultura é tudo aquilo que resulta da criação humana. Não existe cultura superior ou inferior, melhor ou pior, mas sim culturas diferentes. Os indianos, por exemplo, têm conseguido conservar suas tradições previamente estabelecidas, enquanto absorvem novos costumes, tradições e ideias de invasores e imigrantes, ao mesmo tempo em que estendem a sua influência cultural a outros povos.

Influenciar não é impor. Portanto, o sincretismo é a face mais bela de toda cultura.

Em suma, o modo como o Determinismo Biológico constrói o conceito de cultura parece ultrapassado, no entanto, ele ainda é muito presente na sociedade atual. Para terminar, apenas uma provocação: você poderia dar exemplos em que o Determinismo Biológico aparece em seu cotidiano?