A exibição do filme "A Vida Invisível", dirigido por Karim Aïnouz, foi vetada pela Secretaria de Gestão Interna da Ancine, no Rio de Janeiro, segundo denúncia anônima de servidores do órgão. A notícia foi dada pela revista Veja nesta segunda-feira (9). A mostra de filmes brasileiros, que ocorre mensalmente, seria parte de um processo de capacitação de funcionários que atuam com políticas públicas e fiscalização da indústria cinematográfica.

O filme estava previsto para ser exibido em sessão na quinta-feira (12), que contaria ainda com a presença dos produtores para um debate sobre a obra.

O veto teria partido da Secretaria de Gestão Interna, que alegou que o projetor da sala de exibição estaria quebrado. Contudo, o funcionário responsável pela manutenção, procurado por servidores, disse não haver nenhum problema com o aparelho.

Inscrição para indicação ao Oscar

Tendo estreado nos cinemas em novembro, "A Vida Invisível" conta com participação especial de Fernanda Montenegro. Ele está inscrito para a disputa do Oscar em 2020, pleiteando uma vaga na indicação para Melhor Filme Estrangeiro.

A obra, crítica ao machismo, narra a história de Eurídice Gusmão (que é interpretada por Montenegro na fase mais velha), mulher que cresceu em um lar conservador e experienciou um casamento abusivo.

Denunciando a violência contra a mulher na sociedade, o filme aborda as trajetórias de duas irmãs, separadas por uma mentira do pai, e que têm, em suas vidas, diversas experiências negativas com homens e relacionamentos abusivos.

A protagonista é interpretada, na juventude e na vida adulta, por Carol Duarte e sua irmã, Guida, é vivida por Julia Stockler.

Secretário da Cultura critica Fernanda Montenegro

O atual Secretário da Cultura, Roberto Alvim, hostilizou a atriz Fernanda Montenegro quando ainda era diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, em setembro, dizendo desprezá-la.

Na ocasião, Alvim publicou em suas redes sociais para atacar Montenegro, acusando-a de "mentirosa", "podre", entre outras ofensas.

Para divulgar sua autobiografia, a atriz apareceu em diversas revistas e jornais, incluindo um ensaio para a revista literária "Quatro Cinco Um", que traz matérias sobre história da bruxaria e suas relações com os dias atuais, em clara alusão a uma "caça às bruxas".

Alvim considerou o ensaio ofensivo, alegando desrespeito a ele e à população brasileira, em manobra para tentar enfraquecer a imagem de Jair Bolsonaro.

Mudanças na Ancine

No dia 29 de novembro, quadros com pôsteres de filmes nacionais foram retirados dos prédios da Ancine e guardados em depósito. No site do órgão, os pôsteres de lançamentos de obras brasileiras foram apagados, sem explicação oficial para tanto. A Ancine nega que se trate de uma ação de censura às posições políticas trazidas pelos filmes.

Em julho, Bolsonaro declarou que pretendia transferir a sede da Ancine para Brasília, para melhor controle da agência.