A idealizadora da série ficcional que falará sobre a vida e o assassinato da vereadora do PSOL Marielle Franco (1979-2018), Antonia Pellegrino, se desculpou na quarta-feira (11) por suas declarações explicando o porquê de ter escolhido José Padilha para dirigir a produção.

Pellegrino deu entrevista para o jornalista Maurício Stycer, do portal UOL, no último domingo (8), e afirmou que era sua intenção ter um diretor negro na série, porém, pareceu que ela quis dizer que não encontrou ninguém com as características que buscava.

Na ocasião ela lamentou não haver ninguém como Spike Lee ou Ava DuVernay para a direção da obra.

A fala não pegou bem nas redes sociais e então Antonia Pellegrino afirmou que não existe uma Ava DuVernay no Brasil não porque não existam diretoras negras talentosas no país, mas porque existe racismo estrutural.

Desculpas

Na quarta-feira (11) Pellegrino publicou no Twitter e no Instagram um longo texto em que se desculpava. Na publicação, ela classificou sua fala como “desastrosa”. Ela também afirmou que desde o princípio teve a intenção de ter uma equipe diversificada, com a presença de mulheres e negros no processo criativo.

De acordo com a autora, está em curso o processo de convite para autoras e autores, diretoras e diretores para participar da série, agora eles estão discutindo as condições para participarem do projeto.

Uma das reclamações que Antonia Pellegrino recebeu foi a escolha de José Padilha para dirigir a série. Padilha foi diretor dos dois filmes "Tropa de Elite", o primeiro de 2007 e o segundo de 2010. Ele também é produtor executivo das séries "Narcos" e "O Mecanismo", ambas da Netflix. Integrantes da esquerda não admitem que um diretor que elogiou a Operação Lava Jato e que elogiou o então juiz Sérgio Moro dirija uma série sobre uma mulher de esquerda e que veio de uma comunidade carente.

A série

A série ainda não possui um nome definido e deverá estrear no próximo ano. A obra foi desenvolvida por Antonia Pellegrino, que é produtora, escritora, roteirista e foi amiga pessoal de Marielle Franco. Está previsto que a série terá duas temporadas, sendo que a primeira acompanhará a vida de Marielle Franco e seguirá acompanhando-a até chegar o ponto do crime que chocou o país inteiro. A segunda temporada será focada nos mandantes do assassinato e se o caso for solucionado, também abordará a resolução do crime. Ainda não se sabe nada sobre o elenco da série.

Marielle Franco era socióloga e foi morta a tiros em um atentado que também vitimou seu motorista Anderson Gomes. O crime ocorreu na zona norte carioca em 14 de março de 2018. A morte da vereadora psolista causou comoção no Brasil e repercutiu em outros países que clamavam pela identificação e punição dos criminosos.