Apenas um “descanso” de 40 anos e, após idas, vindas, adiamentos e gravações que acontecem desde 2018, os suecos e a norueguesa do grupo Abba reaparecem com suas vozes e novos arranjos.

Mesmo na faixa dos 70 anos, os integrantes originais se reuniram em estúdio para gravar e concretizar seu novo projeto denominado de “The Voyage”. A previsão de lançamento no mercado é novembro de 2021. Porém, nesta primeira semana de setembro, divulgaram-se duas faixas do disco: “Don´t shut me down” e “I still have faith in you”, ambas disponíveis nas plataformas de streaming.

Além das novas músicas, “The Voyage” brindará os mais maduros que viveram a época dos anos 70 e início dos 80 com um show totalmente digital numa arena montada especialmente para o evento em Londres, Inglaterra. A princípio, o show está marcado para 27 de maio de 2022.

Nas redes sociais, o grupo faz uma brincadeira a respeito do projeto que durou 40 anos para ser concretizado: “Junte-se a nós em um show que está sendo feito há 40 anos. Um concerto que combina o velho e o novo, o jovem e o não tão jovem. Um show que reuniu todos nós quatro novamente.”

Ponte

A frase escrita faz alusão ao último álbum gravado pela banda em 1981, “The Visitors”. Em seguida, os componentes da banda anunciaram a separação na primavera de 1982.

Pianista e compositor, Benny Anderson declarou que “foi tão bonito todos estarmos de volta no estúdio outra vez”; seu companheiro de grupo, o guitarrista Björn Ulvaeus alertou para “não deixar passar mais de 40 anos entre álbuns”.

As ex-esposas e cantoras Agnetha Faltskog e a norueguesa Anni-Frid Lyngstad não participaram da entrevista coletiva na Inglaterra, mas acompanharam o evento de forma on-line.

Quanto ao espetáculo do ano que vem, sabe-se que terá a duração aproximada de uma hora e meia e serão cantadas 22 músicas. Os membros não se apresentarão ao vivo: haverá a exibição de hologramas dos integrantes em sua época mais jovial, remetendo ao estouro de sucesso nos anos 70.

Esses hologramas foram apelidados como “Abba-tares” e sua criação foi um pouco complexa, de acordo com o especialista na banda, o sueco Carl Magnus Palm: “tiveram problemas tecnológicos, não saiu como esperavam.

Estavam prontos para isso há um ano, mas então veio a pandemia.”

Quase apagou, mas nunca saiu de cena

Na época da dissolução, o grupo já não tinha o mesmo apelo e até foi tachado de kitsch. No começo dos anos 90, o quarteto decidiu lançar o “Abba Gold” reunindo seus grandes sucessos. O resultado é que até hoje continua a ser um dos discos mais vendidos no mundo.

O século XXI ainda assistiu a uma grande retomada e interesse pela obra da banda escandinava: a maior delas foi a montagem e a exibição do musical “Mamma Mia”, protagonizado no cinema pelos atores Pierce Brosnan, Colin Firth e Meryl Streep. Foi um êxito na Broadway, em Nova York.

Em abril de 2018, houve a confirmação de que todos se reuniram em estúdio para gravar duas faixas, justamente as que foram lançadas nesta semana.

A importância do Abba é tão grande que o grupo foi responsável por colocar a Suécia como o terceiro grande polo produtor de Música, atrás apenas dos Estados Unidos e da Inglaterra.

O hit “Dancing Queen” de 1976 foi interpretado pela primeira vez no casamento do Rei Carlos Gustavo com a Rainha Sílvia. A vestimenta usada pelo Abba foi de trajes nobres inspirados no século XVIII.

Coisa de velho?

Um dia após o lançamento nas plataformas digitais, o jornal britânico “The Guardian” relatou que “I still have faith in you” foi acessada por 4,4 milhões de ouvintes e “Don´t shut me down” teve 1,4 milhão de visualizações. Esses números referem-se apenas ao dia posterior do lançamento, ou seja, 03/09/2021.

O portal do YouTube registrou o primeiro e terceiro lugares no ranking de tendências em 12 países.

Segundo informações colhidas no Spotify, os suecos foram os mais transmitidos pelos jovens com idade entre 18 e 24 anos. Uma tendência de crescimento verificada desde 2014, com a música “Dancing Queen” sendo a mais ouvida.

Mesmo aderindo ao TikTok somente em 1º de setembro, o Abba consegue o que muitos grupos não realizaram: buscar a atenção de 991 mil seguidores e 5,5 milhões de curtidas. Números impressionantes que demonstram tanto a popularidade entre os mais velhos quanto a preferência da geração Z.

Pichados por seus visuais antiquados e músicas açucaradas, a envergadura do Abba foi e ainda é tão grande que, em 1975, quando lançaram “Mamma Mia”, eles conquistaram o primeiro lugar nas paradas britânicas, desbancando nada menos que o Queen e sua “Bohemian Rhapsody”.