O dia 8 de agosto de 1969 possui importância fundamental para o mundo da Música do século XX. Há cinquenta anos, a mais lembrada imagem do rock ´n roll era clicada numa sessão de apenas 10 minutos. Sim, o assunto gira em torno dos quatro integrantes dos Beatles que atravessavam a faixa de pedestres numa manhã ensolarada. Precisamente às 11horas e 35 minutos em Londres, Inglaterra. Aqui no Brasil era mais cedo: 7:35 h.

Ian McMillan foi o fotógrafo escolhido para a proeza e disparar algumas chapas na tentativa de perpetuar a melhor pose, a melhor harmonia para estampar a capa do penúltimo disco dos Beatles – o qual seria lançado em 26 de setembro de 1969.

A tarefa contou com a colaboração de agentes policiais que bloquearam, por alguns momentos, a rua que margeia os estúdios “Abbey Road”.

No começo, o projeto era denominado de “Everest”, uma marca de cigarro fumada pelo engenheiro de som Geoff Emerick e, verdade seja dita, a foto da rua com os quatro músicos não combinava com o título provisório. A escolha desse nome era um pressentimento de que ali terminava tudo, significava o fim de uma era.

Com a finalização na parte das imagens, achou-se melhor que o nome dos estúdios usados pelos ‘Fab Four’ seria mais adequado. Afinal, as fotos foram tiradas bem em frente ao “Abbey Road”.

Códigos e especulações

A capa de “Abbey Road” não fugiu à regra das interpretações de mistérios, pistas e imagens que representavam desde teorias da conspiração até a confirmação da morte de um dos componentes da banda.

Buscaram até a numeração da placa do Fusca branco estacionado ao fundo para interpretar “sinais” da morte de Paul McCartney. A placa do veículo continha a seguinte combinação: LMW281F. Alguns entenderam que era uma abreviatura de “Linda McCartney Widow” (Linda McCartney Viúva – esposa de Paul na época). Fato mesmo é que, tempos depois, o Fusca foi arrematado num leilão por 2530 libras esterlinas.

Outras “provas” que reforçariam a morte de Paul se baseiam na presença de um carro funerário (de cor preta) estacionado, a travessia sem sapatos de Paul e a substituição dele por um ator no momento da fotografia. Ele é o único que aparece com um cigarro na mão direita, o que sugeriria uma farsa, pois Paul é canhoto.

Porém, contudo, todavia...

O esboço para a capa de “Abbey Road” veio do próprio Paul McCartney, o qual rabiscou num papel a caminhada de todos os integrantes por uma faixa de pedestres.

Para realizar o intento, o fotógrafo escocês Ian McMillan achou melhor que a sessão ocorresse no período da manhã para que não houvesse tumulto no local, já que os fãs do quarteto tinham conhecimento de que os músicos geralmente ensaiavam pela tarde nos estúdios.

As gravações finais das músicas foram completadas doze dias após a sessão fotográfica e é neste penúltimo álbum que os Beatles reservaram pérolas de seu repertório. Canções lembradas até hoje como “Something” e “Here Comes the Sun”, ambas de autoria de George Harrison.

Também não se pode esquecer da reivindicadora “Come Together”, de John Lennon, e da simpática “Octopus´s Garden”, de Ringo Starr.

Lar doce lar

Morada profissional dos Beatles durante os anos 60, os estúdios de Abbey Road se localizam no bairro de St. John´s Wood, na região noroeste de Londres.

A construção original é de 1829 e servia como uma residência; quase um século depois, em 1931, ela se transformou no primeiro estúdio de gravação do mundo. Inicialmente acolhia bandas e cantores voltados para o jazz e o clássico.

Posteriormente, virou um dos templos do rock. No caso dos Beatles, de suas 210 canções, somente 20 não foram gravadas em Abbey Road.

Não só a rua ganhou notoriedade ao longo do tempo, atraindo aficionados e curiosos do mundo todo por repetirem o gesto dos ‘cabeludos de Liverpool’, como a faixa de segurança ganhou ‘status’ de monumento histórico inglês em 2010.

Cinquenta anos depois, o mesmo local ficou lotado de visitantes que queriam, à sua maneira, perpetuar a lembrança da travessia. Mas, desta vez, a polícia não deu “aquela” cooperada, irritando (só um pouquinho) os fleumáticos motoristas que não se lembraram dessa data que quase passou despercebida.