Provavelmente, poucos conhecem o nome de Botsuana como um país situado no sul da África. Não é um país com praias (já que não tem litoral) ou tenha algum destaque que chame a atenção da mídia. Suas paisagens são compostas pelas savanas e pelos animais típicos do continente como os elefantes.

Neste mês de junho, porém, Botsuana entrou no circuito das notícias ao comunicar a descoberta e extração de uma das pedras mais preciosas e cobiçadas do mundo: o diamante.

O governo mostrou à imprensa um diamante de 1.098 quilates. Embora a façanha tenha ocorrido logo no início de junho, somente nesta semana é que as autoridades do país africano resolveram divulgar esse “mimo” encontrado no subsolo.

Sem batismo

Geralmente, as pedras preciosas recebem um nome, mas esta que conquistou o terceiro lugar ainda não possui um.

De acordo com as informações, o diamante possui dimensões que dão o que pensar: 7,3 cm de comprimento, 2,7 cm de espessura e 5,2 cm de largura.

O local da descoberta é a mina de Jwaneng, relativamente próxima à capital do país, Gaborone. Foi na própria capital que o presidente de Botsuana, Mokgweetsi Masisi, exibiu a raridade para ser conhecida e fotografada.

A mina é explorada pela mineradora Debswana, cujo controle está sob o Estado de Botsuana e sob a empresa De Beers.

Carimbando

“É o maior diamante já encontrado pela Debswana em sua história de mais de 50 anos de operação.

Ainda estamos decidindo se vamos vendê-lo através do canal De Beers ou pela estatal Okavango Diamond Company”, disse Lynette Armstrong, diretora da empresa.

Perante a maioria de nós, Botsuana é só mais um país. Mas, para o ramo de mineração, o país do sul da África tem um potencial enorme. É simples checar isso, pois o maior diamante do mundo foi encontrado na vizinha de fronteira, África do Sul, em 1905.

Batizada como “Cullinan”, possui 3.100 quilates.

Os holofotes começam a se dirigir para Botsuana ao se observar o segundo lugar: a pedra de 1.1109 quilates foi achada em 2015 na mina de Karowe, dentro do território de Botsuana. Atualmente, esse pedacinho desconhecido do globo é o maior produtor mundial dos diamantes.

Alívio

Do lado do governo, já se prevê entrada de capital no caixa público; segundo o Ministro de Minerais, Lefoko Moagi, a descoberta da pedra preciosa aconteceu num instante crucial.

Com a pandemia de coronavírus, as vendas e as negociações de diamantes sofreram queda em 2020. Um refresco e tanto para equilibrar as finanças nacionais. O discurso oficial adotado é de que “a receita do diamante será usada para promover o desenvolvimento nacional do país.”

Um reconforto também para a Debswana, visto que a produção do ano passado caiu 29% (o saldo total registrado foi de 16,6 milhões de quilates); as vendas também acompanharam o ritmo mais lento, com diminuição de 30%.

Animados, os dirigentes da empresa exploradora refazem os cálculos: eles estimam um aumento de até 38% na produção de 2021. O fator conjugado do terceiro maior diamante com a perda gradual de força do coronavírus na saúde e na economia faz com que a Debswana aposte na retomada das viagens internacionais e, mais adiante, na reabertura de lojas como as joalherias.

Maior beneficiado na concretização futura da comercialização da pedra sem nome, o governo de Botsuana pode receber até 80% das receitas de vendas da Debswana, por meio de pagamento de royalties, impostos e dividendos.