Em 2018, 13,537 milhões de pessoas vivam em situação de miséria no Brasil, de acordo com dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístico (IBGE), tendo como base o período de 2012 a 2018.

A pesquisa divulgada na última quarta-feira (6) ainda revela que o Brasil possui um número de miseráveis equivalente a toda a população de países como a Bolívia, Cuba, Bélgica, Grécia ou Portugal.

O estudo apontou ainda que ao menos 1 milhão de brasileiros passaram anualmente a viver abaixo da linha da pobreza de 2015 a 2018.

A extrema pobreza, de acordo com o Banco Mundial, engloba as pessoas que vivem com uma renda inferior a US$ 1,90 por dia. Convertendo para a moeda brasileira, a soma equivale a cerca de R$ 145 mensais, tendo como base o método de Paridade de Poder de Compra (PPC), que considera a quantia necessária para a compra de itens básicos em cada país.

Levando em consideração a realidade brasileira e programas de assistência, como o Bolsa Família, que atende famílias com renda mensal de R$ 89,01 a R$1 78,00 e que entre os seus integrantes possuam crianças ou adolescentes de até 17 anos, o número de pessoas que utilizam diminuiu nos últimos anos, entretanto, desde a crise financeira e política que teve início em 2015, o número de pessoas em extrema pobreza só tem aumentado, segundo o IBGE.

Nestes quatro anos, 4,504 milhões de brasileiros passaram a viver na miséria.

Etnia, falta de acesso a serviços básicos e desigualdade

Dos brasileiros que passaram a viver na miséria, 75% eram de negros e pardos em 2018, e no grupo de pessoas que vive abaixo da linha de pobreza, eles também são maioria. Das 52, 5 milhões de pessoas que vivem nesta condição –um total de 25,3% da população– 72,7% são negros ou pardos.

A pesquisa ainda índica que no período anterior à crise, no período chamado de pré-crise, o Brasil possui mais 6,706 milhões de pessoas na pobreza.

O estudo aponta a falta de acesso a serviços básicos para a vivência por parte da sociedade brasileira, que sofre com a falta de saneamento básico, educação e internet. Assim, 37,2% não possuem acesso a saneamento básico; 27,6% à educação; 20,1% à internet; 12,8% à moradia; 3,1% à proteção social e 10,6% a, pelo menos, três dos itens citados.

Com este cenário, a desigualdade também cresceu, chegando a um dos maiores índices da história. A pesquisa do IBGE aponta que o rendimento das pessoas com maior poder aquisitivo, que representam 10% da sociedade, foi 13 vezes mais dos que os mais pobres, que representam 40% da população.

A diferença numérica se deve a um fator: os rendimentos dos mais ricos aumentou em 2018, enquanto o dos mais pobres sofreu uma queda, o que levou a esta diferença. Além de todos os problemas sociais já conhecidos que a pesquisa trouxe a tona, ela demonstrou uma outra questão que é pauta de diversas conversas a diferença salarial por etnia e por gênero: os brancos ganham 73,9% a mais do que negros ou pardos em 2018, enquanto homens ganham, em média, 27,1% a mais do que mulheres.