Um estudo realizado pelo Ibre-FGV e divulgado em primeira mão pelo jornal Folha de S.Paulo nesta quarta-feira (15) aponta que há uma grande preocupação dos trabalhadores informais em relação à perda da ocupação e o fim do auxílio emergencial, visto que ainda não se tem o controle da pandemia do Covid-19 que assola o Brasil.

O avanço da pandemia provocou nos trabalhadores a necessidade de aderir voluntária ou obrigatoriamente ao isolamento social, com isso uma maioria ficou de fora do mercado do trabalho. As análises dos pesquisadores mostram que, após o fim do auxílio emergencial, provavelmente haverá uma maior procura por ocupação, culminando na pressão da taxa de desemprego.

Aceleração na taxa de desocupação

Os pesquisadores do Ibre-FGV informam que o indicador mostra apenas a perda das ocupações e, como essas pessoas não estão procurando emprego, não são consideradas desempregadas, assim o indicador não reflete uma realidade do mercado de trabalho em meio à pandemia, mas busca, apenas, compreender a variação da população ocupada, de modo a mensurar os efeitos da crise no mercado de trabalho.

A avaliação ocorre de forma mensal utilizando a metodologia criada pelo Banco Central e através da Pnad Contínua, que é uma pesquisa feita pelo IBGE de forma trimestral.

No mês de fevereiro, antes de começarem a ser tomadas as medidas de distanciamento para conter a disseminação do coronavírus, o IBGE registrou uma taxa de desemprego de 11,6%, mas ao encerrar o mês de maio a taxa subiu para 12,9%, mostrando uma aceleração na desocupação.

Pandemia provoca queda na população ocupada

O estudo do Ibre-FGV mostrou que houve uma queda nessa população. Em maio de 2019, o número de ocupados eram de 93,5 milhões, mas no mesmo mês de 2020 essa população somou apenas 83,4 milhões de pessoas. A queda foi de 10,7% marcando um recorde no desemprego iniciado em 2012.

Entre maio de 2018 e maio deste ano o número de informais despencou de 44,9 milhões para 38,1 milhões, uma diferença de 6,8 milhões.

No mesmo período, os formais diminuíram de 48,7 milhões para 45,4 milhões, uma diferença de 3,3 milhões.

Pós-pandemia: muita oferta e pouca demanda

Segundo a economista e colunista da Folha Solange Srour, o mercado de trabalho tende a sofrer alterações estruturais que culminará em um rápido avanço tecnológico e reduzindo a demanda por trabalho menos qualificado.

Para Srour, mesmo que a vida volte ao normal, o desemprego estrutural durará por mais tempo.

Atualmente a taxa de desemprego está se aproximando de 13% e a tendência é subir para os 20% assim que o mercado de trabalho abrir as portas e ser decretado o fim do auxílio emergencial, provocando uma maior oferta de trabalho e uma menor demanda nas empresas.

Governo estuda imposto negativo a informais

O auxílio emergencial é considerado alto para se manter permanentemente. Diante disso, para o ministro da Economia, Paulo Guedes, a solução para não desamparar os trabalhadores informais nesse momento de crise sanitária é criar um imposto negativo de até 20% na remuneração mensal desses trabalhadores.

Esse imposto negativo significa guardar até 20% da renda do trabalhador informal em uma conta que só poderá ser acessada para uso após a aposentadoria.