O ano de 2020 trouxe inúmeras novidades. O novo coronavírus, uma nova economia e um novo mundo. Muita coisa precisou mudar para se adaptar. Em meio a todas as novidades, o que chegou para ficar foi o home office, o e-commerce e, claro, a era digital. Era digital esta que é, possivelmente, o princípio da nova economia que se apresenta para o futuro próximo.
Empresas estão cada vez mais apostando no meio digital. A Macfor, empresa especializada em Marketing B2B, tem uma explicação para isso, e tudo se deve à descentralização da economia. "A nova economia será cada vez mais descentralizada, assim como alguns futuristas previram.
Isso quer dizer que agora ficou de fato sacramentado, de maneira forçada, o fim da Era Industrial e o início da Era Digital", opina o fundador da Macfor, Fabrício Macias, em entrevista exclusiva à BlastingTalks.
"Um novo momento, onde, além da descentralização, tudo será exponencial, colaborativo e digital", completa Macias. O fundador da Macfor ainda destaca que o impacto a curto prazo será inevitável, embora a médio e longo prazo exige-se estabelecer estratégias para fontes de receita independentes.
Uma aposta, por exemplo, é a adoção de e-commerce, ao qual Fabrício é só elogios. "Com certeza há espaço para novos e-commerces. Este é um movimento que está só começando, é um mercado novo ainda, apesar de não parecer", destaca.
Confira a entrevista na íntegra.
Blasting News: O Brasil, após o período da pandemia, precisará se reinventar. Fábricas e comércios fecharam e empregos foram perdidos. Na sua opinião, como se dará essa "nova economia" para retomada das atividades e de que forma isso impactará no país a curto, médio e longo prazo?
Fabrício Macias: A nova economia será cada vez mais descentralizada, assim como alguns futuristas previram.
Isso quer dizer que agora ficou de fato sacramentado, de maneira forçada, o fim da Era Industrial e o início da Era Digital. Um novo momento, onde, além da descentralização, tudo será exponencial, colaborativo e digital. As atividades a curto prazo serão impactadas, principalmente pela rápida capacidade de resposta e adaptação a essa nova realidade.
Para médio e longo prazo, o impacto será sentido por aqueles que não souberem criar negócios com fontes de receitas independentes, que consigam existir mesmo diante de afastamento físico/social.
O e-commerce já vinha em um crescimento vertiginoso com o passar dos anos. Com a recente quarentena no Brasil, bem como as medidas de distanciamento social, o número de adeptos ao serviço cresceu 71%. A pergunta é: ainda há espaço para novos e-commerces? Como ser diferente em um meio tão concorrido como esse?
Com certeza há espaço para novos e-commerces. Este é um movimento que está só começando, é um mercado novo ainda (apesar de não parecer). Só para termos um parâmetro, o último relatório da Ebit/Nielsen mostrou que a pandemia provocou crescimento no mercado brasileiro, levando 7,3 milhões de novos consumidores ao setor.
Uma alta de 47%, o melhor resultado dos últimos 20 anos. Ou seja, ainda estamos num estágio muito inicial, há espaço para todos. Ser diferente no e-commerce é oferecer uma proposta de serviço que agregue uma real experiência positiva para seus clientes. Boa parte das pessoas desistiu de usar o comércio eletrônico simplesmente por uma experiência anterior ruim (entrega, rapidez, qualidade, produto, atendimento). Além disso, é preciso investir nas mídias corretas, principalmente em estratégias de SEO [Otimização de Sites na tradução do inglês Search Engine Optimization] que não é de fato uma mídia, além dos investimentos convencionais em canais pagos como Google ADS e Facebook ADS, por exemplo.
Home-office foi uma palavra que entrou no vocabulário do brasileiro em 2020. Você enxerga de que forma a tendência do trabalho remoto?
Sim, mas não acredito no modelo 100% remoto. A IBM, que foi pioneira na adoção deste modelo há alguns anos, já desistiu dele anteriormente, em 2017. Nós somos seres humanos e precisamos de contato físico, do toque humano, da troca de experiências e tudo mais que envolve a interação social de um ambiente de trabalho. Na IBM eles experienciaram, num primeiro momento, um aumento vertiginoso da produtividade o que, após um longo período, provou-se ao contrário, principalmente pelo fato da perda de criatividade, deixaram de inovar. Uma empresa como a IBM e tantas outras precisam disso para sobreviver, ainda mais nos tempos atuais, afinal a inovação estimula vantagens competitivas e, na minha opinião, isso só acontece quando as pessoas trabalham juntas em um só lugar.
Em abril, dados do Portal do Empreendedor, do governo federal, apontavam pela primeira vez a marca de mais de 10 milhões de MEIs no país. Isso é algo positivo ou negativo na sua visão? Como isso pode impactar a economia nos próximos anos?
Com certeza fico feliz em saber que, apesar de todos os entraves burocráticos (somos um dos países mais burocráticos para abertura de empresas, por exemplo), estamos crescendo. O empreendedorismo, como vimos em países como Estados Unidos, é essencial para o crescimento social e econômico de um país. É o empreendedorismo que fomenta novos empregos, gera oportunidades e contribui com a arrecadação do Estado.
Na sua opinião, de que forma o aquecimento da economia pode acontecer conforme as medidas de distanciamento são afrouxadas nesta reta final de 2020?
E quais seriam as perspectivas para 2021 em um cenário envolvendo a descoberta ou não de uma vacina eficaz para controle da doença?
Acredito no efeito mola, apesar de estarmos vivendo, além da crise econômica forçada, um abalo na confiança das pessoas. Mas, como otimista, acredito que, com a abertura gradual, todos os mercados serão favorecidos, afinal as pessoas estão sedentas por viver uma vida social mais ativa. Com a vacina, acredito que, como uma mola comprimida, o cenário econômico vai decolar de fato. Não sei se manterá, pois a crise causou um grande estrago. Mas com certeza de início teremos algo vertiginoso. Sem a vacina, acredito que esse crescimento será menos visível e impactante.
Mesmo assim, tendo a acreditar que com a volta de algumas atividades, as coisas irão melhorar em todos os sentidos.
Pensando mais na área do marketing digital, como você veria a importância da área na retomada econômica e na influência para um maior consumo da população após esse período de crise?
Como marketing digital, vejo que a nossa missão é aproximar pessoas de soluções que podem melhorar suas vidas. Sem a comunicação digital você, por exemplo, deixaria de conhecer vários serviços bacanas que agregam e muito na sua vida cotidiana. Imagina como seria a vida sem o Google, o Spotify, a Uber e o seu celular, por exemplo? Tenho essa visão sustentável do marketing digital, de como ele pode ajudar as pessoas a ter uma vida melhor. Nessa retomada, não será diferente, ainda mais agora com um público mais aberto e adepto a novas ideias.