O Ibovespa, índice com as maiores empresas listadas na B3, a bolsa de valores do Brasil, acumulou uma perda de mais de R$ 156 bilhões em valor de mercado na última quinta-feira (10), após o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fazer um discurso criticando as políticas de controle fiscal.

Queda

O cálculo, realizado pela consultoria TradeMap, leva em conta a variação no valor de mercado de cada uma das empresas que fazem parte do índice. Após dois dias seguidos de queda, o total perdido pelo Ibovespa chegou a R$ 247,8 bilhões. O principal índice da bolsa de valores do país registrou uma baixa de 3,35%, a maior queda diária desde setembro do ano passado.

A queda acentuada aconteceu já na abertura do mercado, às 10h. Porém, foi aumentada depois das falas do presidente eleito na parte da manhã. O petista levantou questionamentos sobre a concentração do debate econômico em torno de temas com estabilidade fiscal e declarou que existem gastos do Governo que têm que ser entendidos como investimento.

Calma

No final da tarde de quinta-feira, o petista comentou a repercussão de sua fala feita mais cedo. O presidente eleito declarou que o “mercado fica nervoso à toa”. Lula foi pela primeira vez, desde que ganhou as eleições ao derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL), ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no local foi instalada a sede do governo de transição.

Fome

No começo da tarde, Lula fez uma longa fala em que demonstrou emoção ao reafirmar seu compromisso com o combate à fome no Brasil. No mesmo discurso, Lula perguntou qual era a necessidade de as pessoas sofrerem para que seja garantida a estabilidade fiscal no Brasil. "Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gasto, que é preciso fazer superavit, que é preciso fazer teto de gasto?

Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gasto não discutem a questão social deste país?", disse.

O dólar fechou o dia com alta superior a 4%, a maior desde de março de 2020. Segundo analistas, uma das razões para a alta foi a fala de Lula.

Agro é pop

Preocupado com a reação do mercado com suas falas, o presidente eleito tentou acalmar os ânimos com relação ao setor agropecuário brasileiro.

Lula então mandou aliados desmentirem a informação de que pretende dar o comando do Ministério da Agricultura, ou do Desenvolvimento Agrário, para João Pedro Stédile, líder do MST. Lula também planeja agradar o setor montando uma coordenação temática da transição que deverá ter nomes técnicos indicados pelo agronegócio.