Indagado sobre um possível adiamento do Enem em 2020, o presidente Jair Bolsonaro disse que ia discutir a questão com o Ministro da Educação, Abraham Weintraub. "Estou conversando com o Weintraub. Se for o caso, atrasa um pouco, mas tem que ser aplicado esse ano", declarou o presidente.
Enquanto isso, estudantes ficam ansiosos e incertos quanto à manutenção da data, marcada para novembro. Uma preocupação compartilhada por pais e educadores.
Um dos motivos seria o despreparo e a defasagem para aqueles que estudam na rede pública de ensino. A partir da semana que vem, as aulas da escola serão transmitidas por meio virtual.
Na avaliação de profissionais da educação, parte do ano letivo já se comprometeu com a interrupção das aulas presenciais. Entre o período de início do coronavírus até agora, já se passaram quase dois meses sem aulas.
Desigualdade
Em entervista ao jornal Hoje em Dia, a doutora em educação pela UFMG Analise da Silva diz acreditar que a manutenção da data para o Enem 2020 mostrará o nível de desigualdade entre os que competem por vagas na universidade.
Ela apontou que os “pobres não têm ambiente de estudo em casa, não têm internet, não têm acesso a livros e as bibliotecas públicas estão fechadas”.
Já para o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais, não há um consenso formado entre a categoria.
Uns dizem que, se o calendário for mantido, haverá o risco de privilegiar candidatos com melhor condição financeira; mas outros defendem a data agendada, no intuito de não prejudicar os alunos que fazem dos estudos para o Enem uma rotina diária.
Nesse “balaio de gato”, o sindicato de Minas Gerais se limitou a passar a seguinte orientação às instituições: “fazer o possível para garantir a aprendizagem dos estudantes”.
Porém, é inegável que a pandemia não só pegou os alunos no contrapé, como também deixou professores e escolas em uma situação desprevenida.
Acrescentando-se ao cenário da pandemia, houve greves, paralisações e até a queda de chuvas fortes como causas de interferência no cumprimento do ano letivo.
Ser ou não ser
Existem ações tramitando na Justiça e no Tribunal de Contas da União (TCU) a fim de pedir a transferência de data do Enem 2020.
Entidades ligadas ao movimento estudantil e partidos políticos questionam a realização do exame em novembro. O principal argumento apontado por ambos: sem aulas, aumenta a desigualdade ao disputar o ingresso nas universidades.
Ainda não há uma decisão proferida pelas autoridades do TCU, a qual deverá ser divulgada nos próximos dias.
O MEC fez uma propaganda defendendo o calendário, pois, na opinião dele, se houver mudança, há a possibilidade de prejudicar uma geração de profissionais. Além disso, o MEC recomendou que os estudantes não interrompam seus preparos. Weintraub também levantou a bandeira, alegando que o adiamento prejudicaria cerca de cinco milhões de participantes.
Melhor garantir
Na dúvida, muitos estão preferindo a precaução e aderindo à inscrição para o Exame Nacional do Ensino Médio.
Até o dia 13/05, o portal responsável por acolher inscrições registrou cerca de 2,2 milhões de estudantes para a versão impressa e de 95 mil interessados em fazer a prova digital.
Os interessados possuem o prazo de 22 de maio para se inscreverem no portal denominado Página do Participante.
Órgão ligado ao MEC, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informou que todos aqueles que se enquadram no direito da gratuidade/isenção, terão esse direito garantido pelo próprio Inep.
A taxa para o Enem é paga por meio de uma GRU (Guia de Recolhimento da União) no valor de R$ 85,00. Neste ano, o prazo para pagamento é até 28 de maio.
Caso o cronograma fique inalterado, as provas se realizarão da seguinte maneira: na modalidade impressa, a aplicação será nos dias 1º e 8 de novembro. Os que optaram pela modalidade digital, o Enem acontecerá em 22 e 29 de novembro.