Diversos servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação (MEC), pediram demissão nesta segunda, 8, em protesto à permanência de Danilo Dupas Ribeiro na presidência do órgão, responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). A aplicação da prova está prevista para os dias 21 e 28 de novembro.
Inicialmente, uma carta em nome de 13 funcionários foi enviada aos diretores do Inep, em que apontavam o falho desempenho técnico e administrativo de Dupas como presidente. Nela, os servidores pedem desligamento do Instituto, mas reiteram que honrarão os compromissos previstos para 2021.
Após essa notícia, seguiram-se diversos outros pedidos de demissão – até o momento, são 27 que trabalham em áreas ligadas ao Enem e 22 coordenadores.
No início do mês, dois coordenadores ligados ao ENEM protocolaram o pedido de desligamento de seus cargos. No dia 1º, Eduardo Carvalho Sousa, então coordenador de Exames para Certificação, solicitou sua exoneração e sua decisão foi seguida, no dia 5, por Hélio Júnio Rocha Morais, coordenador da Logística de Aplicação.
Em setembro, Daniel Miranda Pontes Rogério, diretor de Tecnologia e Disseminação de Informações Educacionais do Inep, já havia pedido demissão, alegando motivos pessoais. Desde sua saída, a diretoria, que é responsável pela aplicação digital do Enem, está sem um chefe.
Além das discordâncias e insatisfações com a atuação de Danilo Dupas, supostos casos de assédio moral serviram como estopim para as demissões em massa. Desde o início do governo de Jair Bolsonaro, Dupas é o quinto presidente a assumir o cargo. Ele foi nomeado em fevereiro deste ano e, segundo seu currículo, atuou como gerente administrativo do Fundo MackPesquisa, do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM).
O IPM é responsável por manter, entre outras instituições, a Universidade Mackenzie, em que o atual ministro da Educação, Milton Ribeiro, foi reitor em exercício e vice-reitor.
Críticas à condução do Enem
Na última semana, em assembleia, servidores do Inep fizeram críticas ao planejamento do Enem, apontando uma falta de comando técnico.
Na quinta, 4, foi realizado um protesto em frente ao prédio do Inep em Brasília. Segundo alguns funcionários, a gestão é responsável por promover um "clima de segurança e medo", e que os técnicos do Instituto não estão sendo ouvidos.
Um servidor que pediu para não ser identificado afirmou ao portal G1 que o presidente está desmontando as Equipes de Incidente e Resposta, que seriam responsáveis pelas estratégias no caso de ocorrerem imprevistos durante a aplicação da prova.
São esperados mais pedidos de demissão ao longo dessa semana, em protesto à atual gestão.