Sorrisos largos para algumas crianças, recuperação do tempo perdido para outras e ansiedade para rever os coleguinhas da Escola ao vivo e em cores.
Assim o estado de São Paulo e outros nove componentes da Federação informaram sobre o retorno parcial ou integral das aulas presenciais no sistema de ensino.
Na próxima segunda-feira, 18/10, paulistas, baianos e mato-grossenses poderão assistir às aulas presencialmente. A promessa é de que as aulas, a partir de então, sejam 100% na classe com o quadro negro e o professor explicando a matéria de frente para os estudantes.
Além desses, mais nove estados brasileiros aderiram à obrigatoriedade do retorno presencial às aulas: Ceará, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Amapá, Espírito Santo, Paraná, Maranhão, Santa Catarina e Pará.
Porém, mas, contudo, todavia
Existem outras 12 regiões do Brasil que permanecerão com o atual sistema misto de Educação; ou seja, parte é praticado a distância e parte é ao vivo.
No caso de São Paulo, algumas regras sanitárias deverão ser obedecidas como, por exemplo, o distanciamento mínimo de um metro entre as carteiras das salas de aula. Entretanto, já no início de novembro será possível abolir esse distanciamento. O motivo dessa previsão baseia-se na expectativa de os alunos com 12 anos ou mais tenham se vacinado pela segunda vez contra o coronavírus.
O próprio Governador de São Paulo, João Dória, disse que, por causa da segurança, todos os procedimentos relativos à preservação da saúde (máscara, álcool em gel, etc.) serão mantidos até o fim deste mês.
De acordo com o ponto de vista adotado, as autoridades paulistas creem que a retomada das aulas presenciais é fundamental para a manutenção e resgate da qualidade da educação.
Também acreditam que é um modo de minimizar os impactos negativos na saúde mental e social das crianças e adolescentes provocados pela quarentena. Outra preocupação gerada pela pandemia é saber o percentual de evasão escolar durante o período de isolamento social.
Cobertura vacinal
Segundo estatísticas, 97% dos que trabalham na área educacional estão vacinados com todas as doses – um ponto positivo na retomada.
Entre os adolescentes de 12 a 17 anos, o índice é de 90% de adesão ao recebimento da primeira dose do imunizante.
Mas, surge uma pergunta que vem à mente: e para os que têm menos de 12 anos, como fica a questão? A médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Chrystina Barros salienta que essa faixa etária está sem proteção e, por isso, o melhor é apostar no que já se sabe: o distanciamento social, o uso de máscaras no rosto e do álcool em gel.
“Mesmo que a máscara seja desobrigada por lei, para escolas onde exista uma população que não recebe a vacina, que são as crianças, ela é um acessório fundamental”.
Perguntada sobre a hora ou não da volta às aulas, Chrystina diz que é favorável ao retorno presencial, desde que se adotem as medidas sanitárias já conhecidas por todos.
Como sugestão, ela acha que se pode fazer escalonamentos de horários para o recreio, evitando o surgimento de aglomerações.
Para Cláudia Costin, diretora-geral do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, já passou mais do que a hora em retomar as atividades educacionais. Ela destaca a perda da convivência social e o aumento da desigualdade da educação. “Tem gente no terceiro, quarto ano, que ainda não foi adequadamente alfabetizada”.
Segundo ela, nos bastidores do Poder Público, alguns estados estão discutindo a implantação de um quarto ano no ensino médio.
Outros olhos
Há educadores que veem a retomada das aulas com mais precaução, como é o caso da professora da Universidade Federal do Espírito Santos, Ethel Maciel: sua avaliação é de que o panorama de imunização ainda é ruim.
A ausência de vacinação para as crianças menores incentivaria a proliferação do vírus.
Ex-ministro da Educação, o professor Renato Janine Ribeiro segue opinião parecida, alertando sobre as condições e estrutura disponíveis para uma quantidade grande de estudantes. Para ele, há que se pensar e tomar providências com as cantinas e os banheiros, focos sensíveis e que dispensaria melhor atenção no tocante à limpeza. E finaliza: “É mesmo gravíssimo o prejuízo que o ensino a distância causa, mas a perda da vida também é.”
Exceções
Vale aqui o alerta de que a volta não é para todo mundo e, a seguir, são listados os grupos que deverão ficar em casa estudando: jovens gestantes e puérperas, jovens com mais de 12 anos que apresentem comorbidades, alunos considerados grupo de risco e que não completaram seu ciclo de vacinas, crianças menores de 12 anos pertencentes ao grupo de risco e alunos que obtiveram maior fragilidade de saúde, mesmo tendo tomado a vacina.